Angola Ministro da Industria alerta empresarios para ameacas a posicao privilegiada de Portugal
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Porto, 22 Jun (Lusa) - O ministro angolano da Indústria alertou hoje os empresários portugueses para as "ameaças" que se colocam à posição privilegiada em que Portugal se encontra e apontou a indústria transformadora como um dos melhores destinos para o investimento português.
"Portugal é o maior parceiro de Angola, mas é preciso estar atento aos novos tempos e às mudanças", afirmou Joaquim David, destacando a existência de "duas ameaças" à actual posição portuguesa nas relações com Angola.
Uma dessas ameaças é o processo de integração regional da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que visa criar uma união aduaneira em 2012 e um mercado comum em 2015.
A outra são os acordos de parceria estabelecidos entre a SADC e a União Europeia, que vão provocar uma maior liberalização nas trocas comerciais entre os dois blocos.
Na intervenção que proferiu num seminário sobre relações económicas entre Portugal e Angola, que decorreu esta manhã no Porto, Joaquim David recordou que a indústria transformadora no seu país representa apenas quatro por cento do Produto Interno Bruto (PIB), apontando este sector como um alvo para o investimento português.
"Estão aqui as grandes oportunidades para os empresários portugueses", afirmou o ministro angolano, para quem "as empresas portuguesas podem desempenhar um papel impar na diversificação da economia angolana".
Joaquim David apontou as madeiras, os têxteis e a metalurgia e metalomecânica como áreas em que os investimentos portugueses podem ser importantes, salientando que o processo de integração regional da SADC, se constitui uma ameaça por um lado, também "vai abrir um mercado de 200 milhões de pessoas a produtos fabricados em Angola".
Por seu lado, o ex-ministro português da Indústria e Indústria Luís Mira Amaral recordou que "Angola tem tido uma taxa de crescimento espectacular", mas frisou que esse crescimento tem ocorrido "à custa de uma economia de enclave, baseada no petróleo e nos diamantes".
"Chegou a hora da economia real se poder desenvolver, o que implica o estabelecimento de circuitos comerciais em todo o país e a recuperação de infra-estruturas", defendeu, salientando a importância que o investimento português pode assumir nestas áreas.
O apelo ao investimento em Angola foi também feito pelo presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portugal/Angola, Carlos Bayan Ferreira, considerando que "Angola é um país onde se pode apostar".
"O momento que se vive em Angola é de entusiasmo para o investimento. As empresas e os empresários portugueses têm uma oportunidade única para trabalhar em Angola", frisou.
No encerramento do seminário, o secretário de Estado do Turismo, Bernardo Teixeira, seguiu a mesma linha, salientando "as enormes oportunidades que o mercado de Angola apresenta".
Bernardo Teixeira alertou, no entanto, os empresários para a necessidade de estarem preparados para a concorrência, já que "países como a China, o Brasil e a Espanha procuram ter uma presença importante em Angola.
Neste seminário, a que faltou o ministro-adjunto do primeiro-ministro angolano, que teve que substituir o presidente José Eduardo dos Santos numa cerimónia na Universidade Agostinho Neto, em Luanda, foi ainda apresentado o projecto da Escola Politécnica de Lobito e Benguela, que pretende combater a falta de quadros intermédios em Angola.
"O projecto nasceu da falta que as empresa sentem desses quadros no seu funcionamento em Angola", afirmou Mário Valadas, revelando que a decisão final sobre este projecto será tomada em Novembro, o que permitirá que a nova escola politécnica possa iniciar a sua actividade em Outubro de 2008, no arranque do ano lectivo.
Segundo Mário Valadas, este projecto conta com o apoio do Ministério dos Negócios Estrangeiros, da Câmara de Comércio e Industria Portugal/Angola e da Cruz Vermelha Portuguesa, mas também da Fundação Gulbenkian, entre outras instituições.
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