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É uma das mais antigas artesãs da arte de trabalhar o linho, no concelho de Terras de Bouro. Agostinha Gonçalves, hoje com 58 anos, trocou, há oito anos, a vida do campo pelo artesanato. A sua tarefa, juntamente com mais cinco aldeãs, é o trabalho de fiação do linho, no Centro de Artes e Ofícios Tradicionais, criado em 1996, na pacata freguesia de Covide, Terras de Bouro. "Sinto-me realizada com o trabalho que faço, pois tenho uma vida alegre", disse.
À frente deste centro artesanal está a Associação "Pedras Brancas", daí que este produto - desconhecido pela grande maioria dos jovens e olviado pelos mais velhos - tenha a marca "Linho das Pedras Brancas". A fama já chegou longe e não faltam encomendas. Os apoios é que são poucos para manter esta economia rural, quase milenar, que, outrora, cobria magistralmente os campos do Gerês de azul.
Maria Adelaide Soares, de 79 anos, é a grande obreira do projecto da revitalização da arte do Linho nas encostas do Gerês. "Tive sempre o sonho de criar as estruturas para fixar as pessoas a esta terra", contou.
Ao longo da última década, foram já muitas as pessoas que passaram pela Associação de Pedras Brancas,. Foram mais de meia centena, mas, presentemente, apenas 14 mulheres resistem a uma arte quase em extinção. "A produção do ano passado foi de 1500 quilos de linho, o suficiente para responder às encomendas deste ano", assegurou.
No sentido de preservar esta arte milenar, Maria Adelaide aposta na criação, este ano, da chamada Rota do Linho e do Ouro, projecto que abrange os dois produtos mais emblemáticos dos concelhos de Terras de Bouro e da Póvoa de Lanhoso, respectivamente. O processo, em curso, conta com o apoio do programa Leader, através da Associação de Desenvolvimento das Terras Altas do Homem, Cávado e Ave (ATAHCA).
Implícito a este projecto, segundo Maria Adelaide, está a possibilidade de muitos agricultores retomarem a actividade da produção e transformação do linho, após a criação da Fundação Calcedónia, Associação para o Desenvolvimento Rural.