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Ocentro de Moçambique está a atravessar as piores cheias desde 2001, com as águas do rio Zambeze muito acima dos níveis de alerta, submergindo dezenas de quilómetros de área para lá das suas margens e pondo em risco mais de 285 mil pessoas, tendo já 90 mil abandonado as suas casas.
De acordo com o director do Instituto Nacional de Gestão de Catástrofes, Paulo Zucula, só a partir de domingo é que se deverá registar uma "pequena descida" no nível do rio, que já há duas semanas tem estado acima do nível de alerta.
A barragem de Cahora Bassa, cujas descargas maciças de água têm contribuído para o agravamento das cheias na região, tem estado a despejar 6 mil metros cúbicos por segundo mas, nos últimos dias, chegou a atingir os 8400 metros cúbicos por segundo (valor muito próximo do tecto máximo de 10 mil metros cúbicos por segundo).
Face à saturação dos solos, incapazes em muitas regiões de absorver mais água, e às chuvas que caem também a jusante da barragem, as flutuações das descargas da barragem (por pequenas que sejam) são cruciais para agravar ou atenuar uma situação já de si complicada.
O principal problema das autoridades moçambicanas continua a ser o da escassez de abrigos e alimentos e os constrangimentos logísticos (faltam meios aéreos e navais e as estradas estão submersas).
Apesar disso, prossegue a distribuição de alimentos e combustível em vários pontos da região, com recursos aos barcos disponíveis e a um helicóptero de carga.
ONU avança com ajuda
Entretanto, a ONU anunciou o envio de uma equipa de emergência para avaliar o impacto das cheias e formular uma "resposta apropriada", sublinhando que está a reforçar a resposta de emergência às vítimas, num trabalho conjunto com o Governo, visando "assegurar que as necessidades básicas de emergência dos afectados".
Apesar de considerar que "a situação (de ajuda) está a evoluir rapidamente", a ONU refere dispor de "quantidade insuficiente" de comida nos seus armazéns para cobrir as necessitadas de cerca de 140 mil desalojados.