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>>arte terapêutica Dança tradicional do Oriente ajuda a descobrir a alma feminina de cada mulher
Helena Norte
Feminina e sensual como poucas, a dança oriental (vulgarmente conhecida por dança do ventre) pode ser, para a mulher ocidental, uma fonte de descoberta do seu corpo e da sua personalidade, de valorização pessoal, conferindo-lhe segurança e auto-estima.
Depois do ballet clássico no Conservatório de Lisboa, do flamenco, das danças latinas, africanas e contemporâneas, Joana Saahirah encontrou o sentido para a sua carreira e para a sua vida, em Madrid, quando estudava teatro e começou a aprender a dança oriental. A paixão levou-a a investir totalmente na sua formação, o que, desde há um ano, acontece na capital egípcia.
"A dança, de uma forma geral, tem um efeito terapêutico, tanto a nível físico (há uma libertação hormonal que acontece sempre que praticámos exercício), tanto a nível emocional, porque através do movimento e da música conseguimos desbloquear emoções de uma forma natural e espontânea", explica a bailarina. Com a dança oriental, acontece algo que Sara Saahirah define como um processo de auto-descoberta, que vai muito além do próprio corpo e da sensoralidade. "É um meio privilegiado de descobrirmos quem somos, de nos sentirmos únicas e valorizadas, de entramos em contacto com a nossa essência e, ao mesmo tempo, com o exterior", sublinha.
A pesar de ser individual e solista - cada bailarino dança sozinho. "Os árabes dançam em festas, homens e mulheres, todos os juntos e, embora cada um dance sozinho, a comunicação é feita através da dança. Mesmo as mulheres costumam dançar em grupo. A ideia de que a dança oriental serve essencialmente para as mulheres seduzirem os maridos é um mito do Ocidente", garante Sara Saahirah.
Nas países árabes este tipo de dança - pela carga feminina, libertadora e sensual que a caracteriza - continua a ter uma conotação pejorativa. É encarada apenas como diversão e não como expressão artística de uma cultura e uma tradição ancestral muito rica. As profissionais da dança do ventre têm uma reputação quase ao nível da prostituição. Por isso, uma ocidental que opta por estudar e viver no Cairo, sendo bailarina profissional - o que implica trabalhar sozinha, sem patrão, quase sempre à noite, expondo-se fisicamente num meio em que predominam homens - "é um escândalo incompreensível para uma árabe", assume Sara. Um preço alto para beber da fonte da dança oriental. Um desafio que enfrenta todos os dias quando sai à rua, vai ao mercado ou "ousa" discutir certos assuntos com homens.
Sara Saahirah está em Portugal para promover alguns workshops de iniciação à dança do ventre e de fusão das danças cigana e oriental, um estilo que a dançarina desenvolveu a partir das tradições romani, egípcia e todas as influências que recebeu e recriou. Para mulheres (e também homens), de todas as idades e formações, porque a dança oriental é, acima de tudo, " a reacção pura, instintiva do corpo e do coração ao som". Não há pré-requistos. O que é preciso é não ter preconceitos.
>> O que
é dança
do oriente?
Joana Saahirah define a dança oriental como "uma forma de prática espiritual que traz o corpo de volta à alma e a alma de regresso ao corpo", o que permite uma maior noção de postura, respiração e equilíbrio. Melhora a auto-segurança, valorização pessoal e a relação com o corpo e com os outros. Mais informações no site www.joanabellydance.com.
>> dois workshops em penafiel
Seminário de iniciação à dança do Oriente, com a duração de dez horas, com as bases técnicas de movimentação da Dança Oriental Clássica. O outro workshop é sobre fusão das danças do Oriente e Cigana/ Romani. No próximo fim-de-semana, no Pavilhão de Feiras e Exposições de Penafiel. Inscrições 969 492 460 , 255 710 060 e new-angel@clix.pt .
