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Braga, 29 Mai (Lusa) - O Movimento dos Trabalhadores Desempregados já tem dezenas de sócios e propõe-se "dar voz aos que não têm trabalho e fazer com que a lei deixe de tratar os desempregados como criminosos", disse, hoje, à Lusa a presidente da nova associação
"Com a obrigatoriedade dos desempregados se apresentarem quinzenalmente nas juntas de freguesia ou nos centros de emprego, é como se quem não tem trabalho estivesse sujeito a um termo de identidade e residência, como os criminosos", disse à Lusa Maria Ondina Coutinho, do Movimento de Trabalhadores Desempregados (MTD)..
"Os desempregados, melhor que ninguém, têm que ser uma voz activa no combate ao desemprego e ao trabalho precário", referiu a responsável, em Braga, pela associação de desempregados.
"As pessoas que não têm trabalho são discriminadas por toda a gente, desde os colegas que continuam a trabalhar até ao Governo", referiu ainda a antiga operária têxtil que, com 59 anos de idade, está desempregada há três anos.
Criado há "pouco mais de uma semana" no distrito de Braga, o MTD existe já em alguns distritos do país.
Sedeada, "provisoriamente" nas instalações da União de Sindicatos de Braga, a associação de desempregados está a iniciar contactos com juntas de freguesia e com as autarquias de Braga, Famalicão, Guimarães, Fafe e Barcelos.
Já com "dezenas de sócios", Ondina Coutinho, pretende sensibilizar os autarcas dos concelhos onde o número de desempregados é mais elevado para que ajudem a associação a "defender quem não tem trabalho".
"A lei actual tem que mudar", referiu a responsável pelo MTD.
O movimento defende também mudanças no que diz respeito "à procura activa de emprego". "A lei põe os trabalhadores desempregados com a obrigação de procurar uma coisa que não existe", referiu Ondina Coutinho.
"No distrito de Braga, as ofertas de emprego que existem são de contratos mensais ou até sem contrato nenhum", salientou. De acordo com os números do Boletim Estatístico de Emprego referentes ao mês de Abril, o desemprego está a diminuir.
No distrito bracarense, no final do mês de Abril, havia menos 645 inscrições nos centros de emprego.
O número total de inscritos era de 38.497 pessoas, quase o dobro da média nacional.
"O desemprego já não é situação provisória ou passageira. Temos sócios que estão desempregados há cinco anos", disse a responsável pelo MDT em Braga.
A idade dos sócios inscritos varia entre os 20 e os 60 anos o que, segundo Ondina Coutinho, mostra "como o desemprego não escolhe nem idades nem profissões".
"Temos que sensibilizar as pessoas que estão, todos os dias, a ficar sem trabalho que a mensalidade do Subsídio de Desemprego não dura sempre e que é necessário obrigar o Governo a obter mais investimento para Braga e apostar na formação profissional adequada aos desempregados de cada região", finalizou.
EYM
Lusa / Fim