Corpo do artigo
Da Escandinávia ao mar Negro, eis o território de fundos marinhos que durante três anos vai ser pesquisado por um total de 45 instituições, entre universidades e, por exemplo, os institutos hidrográficos de Portugal, de França ou Centro Oceanográfico de Southampton (Inglaterra).
Durante a semana passada, no mar da Nazaré, aconteceu mais uma jornada de pesquisa do seu "canhão". Um canhão marítimo é uma espécie de montanha, mas de pernas para o ar, diz ao JN o comandante Ventura Soares, chefe de divisão do Departamento de Oceanografia do Instituto Hidrográfico. Seguir-se-á o estudo do canhão de Setúbal, localizado ao largo de Sesimbra.
O comandante Ventura Soares destaca a importância deste projecto multidisciplinar, que integra especialistas de Biologia, Física, ou Geologia. E ressalta que a costa portuguesa, pelas suas características específicas e muito diversificadas é uma das mais interessantes de estudar. No termo dos três anos de pesquisa deste projecto europeu , ou mesmo antes, será chegada a hora de publicar artigos em revistas especializados e fazer conferências. Porque, afinal, o chão do mar é muito menos conhecido do que a terra firme.
Até ao final de Agosto, o navio hidrográfico da Marinha D. Carlos I está ao serviço do projecto. A bordo está uma equipa de investigadores europeus que estuda os ecossistemas ao largo da Nazaré e de Setúbal. o total são três cruzeiros, que já começaram em Julho passado.
O canhão submarino da Nazaré atinge profundidade superiores a dois mil metros na região entre as Berlengas e a praia da Nazaré, constituindo um "desfiladeiro" submarino que se estende por mais de 200 quilómetros, desde a costa até à planície abissal. Este canhão, refere uma nota do Estado Maior da Armada "é palco de processos dinâmicos e sedimentares extremamente energéticos e ainda pouco conhecidos, e pode constituir um local de refúgio que potencie o estabelecimento de ecossitemas marinhos profundos específicos que importa conhecer". E está agora a ser passado a pente fino. J. A. Souza
