Eurico Guterres, que ajudou a pôr Timor-Leste "a ferro e fogo" em 1999, pelo que foi condenado a 10 anos de prisão em Novembro de 2002, vai cumprir a decisão do tribunal indonésio, anunciou ontem o seu advogado. Membro das milícias Aitarak (Espinho), Guterres foi condenado em primeira instância a 10 anos de cadeia pelo Tribunal Ad-Hoc de Direitos Humanos, criado por Jacarta para julgar os responsáveis pela violência de 1999.
Em Agosto de 2004, um tribunal de segunda instância reduziu a pena para metade. Descontente, Eurico Guterres voltou a recorrer, agora para o Supremo, que repôs em Março passado a pena inicial de 10 anos, que deverá começar hoje a ser cumprida. "Eurico Guterres está pronto a cumprir a decisão judicial", assegurou o seu advogado, Suhardi Somomoelyono.
"Peça de teatro"
Guterres apareceu, na passada terça-feira, na televisão indonésia a classificar a decisão judicial como uma "peça de teatro".
Tinha sido condenado em Novembro de 2002 pela sua comprovada responsabilidade nos crimes contra a Humanidade registados em Timor- Leste, durante a onda de violência que resultou em cerca de 1500 mortos, a destruição de mais de 80% das infra-estruturas e o êxodo forçado de 250 mil pessoas para o lado indonésio da ilha de Timor.
O Tribunal Ad Hoc de Direitos Humanos julgou 18 arguidos directamente envolvidos na violência registada em 1999, mas apenas dois, ambos nascidos em Timor-Leste, foram condenados.
Além de Eurico Guterres, o outro condenado foi o último governador de Timor-Leste durante a ocupação indonésia, Abílio Osório Soares, entretanto libertado depois de ter cumprido pouco mais de quatro meses dos três anos de cadeia a que tinha sido condenado.
A pena de prisão aplicada a Eurico Guterres foi fundamentada na falta de empenho deste em controlar os seus subordinados da milícia "Aitarak" no dia 17 de Abril de 1999, quando atacaram mais de uma centena de pessoas refugiadas na casa de Manuel Carrascalão.
