Corpo do artigo
As mortes por doenças do aparelho circulatório, principal causa de morte em Portugal, têm diminuído no país, devido à evolução da medicina e ao bom trabalho dos médicos, mas os portugueses expõem-se cada vez mais a factores de risco, alertou um especialista.
"As pessoas estão a morrer menos, em parte porque a intervenção médica tem sido bem sucedida. A medicina tem vindo a evoluir e está a evitar que se morra." afirmou o médico Luís Negrão à agência Lusa, na sequência de uma conferência de Imprensa da Fundação Portuguesa de Cardiologia, salientando o "bom trabalho dos médicos" face à atitude de risco dos pacientes.
"O preço traduz-se por um aumento no número de pessoas que estão vivas, mas que sofrem da doença, que têm uma medicação crónica a fazer, que têm consultas e internamentos regulares, que são sujeitas muitas vezes a abordagens terapêuticas agressivas", sublinhou.
Luís Negrão referiu, também, que, em 2003, morreram 41.038 pessoas vítimas de doenças do aparelho circulatório, e que quase metade dessas mortes foram provocadas por AVC. De acordo com dados divulgados ontem, o AVC aparece habitualmente nas idades mais avançadas da vida, e dos óbitos ocorridos em 2003, apenas sete por cento tinham idades inferiores a 65 anos. Neste sentido, o médico alertou para a necessidade de adoptar uma postura preventiva. "É das doenças que mais desilusões provocam, porque a doença não avisa, instala-se muito silenciosamente. A doença mexe com comportamentos", disse.
O médico alertou, ainda, para o facto de a mortalidade por doença cerebro-vascular (trombose) ter vindo a diminuir, mas o enfarte do miocárdio não. No que toca à Doença Isquémica do Coração, a análise apresenta diferenças significativas, já que o ataque cardíaco "mata menos em valores absolutos, mas morre-se mais cedo".
