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A captura ilegal do meixão, uma enguia bebé considerada o "caviar português", sofreu ontem um duro revés no concelho de Vila Franca de Xira. Uma área de quatro quilómetros do rio Tejo, a norte da Ponte Marechal Carmona, foi ontem de manhã passada a pente fino por agentes da Polícia Marítima e militares da GNR de Vila Franca. Na "Operação Meixão" foram apreendidas 39 redes de pesca - que, esticadas, atingiam cerca de quatro quilómetros de comprimento - e outras artes piscatórias dedicadas à actividade ilícita. A acção juntou 60 elementos e oito embarcações.
Ao material ontem confiscado juntam-se outras 49 redes de pesca daquele tipo de enguia, retiradas do rio Tejo anteontem de manhã, dia em que se iniciou a operação e na qual estiveram envolvidos 80 elementos da GNR e PM e oito embarcações. Segundo o major Nunes, da GNR de Vila Franca, os materiais estão avaliados em mais de 70 mil euros. São essencialmente redes de uma malha muito apertada, com a função de manga, que conseguem alojar até meio quilo de peixe.
"Não conseguimos relacionar a propriedade destas redes aos pescadores, mas é natural que se trate de pessoas da borda-d'agua", explicou, ao JN, o militar. "O trabalho de investigação será feito a partir de agora, o que pode demorar algum tempo visto que não temos indivíduos identificados", acrescentou.
Um quilo vale 500 euros
A actividade da apanha do meixão é extremamente rentável. Cada quilo daquela espécie, quase imperceptível, pode atingir valores que ascendem aos 500 euros. De Espanha, onde o meixão é considerado uma autêntica iguaria, surgem os principais clientes, embora o produto seja escoado para outros mercados internacionais.
"Iniciamos este tipo de operações há alguns meses na zona de Santarém. A gravidade desta actividade é que há uma proliferação excessiva de redes que prejudica gravemente a navegabilidade e é um atentado ao equilíbrio socio-económico e turístico da região", disse Cardoso Pereira, comandante do Grupo Territorial da GNR de Loures, a bordo da lancha de desembarque onde eram descarregadas as redes e que contou com o apoio de uma guarnição de sete fuzileiros.
O Tejo é o principal berçário de meixão na Península Ibérica. Por ser capturado entre Outubro e Abril, com redes inferiores a dois milímetros, outras espécies bebés como o robalo ou o linguado também são atingidas por esta captura.
