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Quem ganhará a Volta a Portugal? A pergunta impõe-se numa altura em que há uma verdadeira guerra no pelotão. A Milaneza-Maia e a LA-Pecol são os rostos do conflito desportivo e... extradesportivo. Neste campo, as declarações multiplicam-se: uns dizem que lhes pertence o domínio do grupo, outros dizem que são eles a impedir que as fugas cheguem à meta com mais de vinte minutos de vantagem. Ironicamente - e apesar de tanta polémica - nenhuma teve ainda a amarela vestida.
No plano das "bicicletas", a equipa de Américo Silva leva vantagem: Cândido Barbosa já venceu uma etapa. A formação de Manuel Zeferino, por seu turno, ainda não triunfou em qualquer tirada, mas é, na opinião do JN, a grande favorita à vitória final. Porquê? David Bernabeu parece-nos ser, até ao momento, o ciclista mais forte do pelotão. Na Senhora da Graça, foi claro o seu domínio sobre Nuno Ribeiro. Além de ter respondido sem hesitação a todos os seus ataques, ainda teve força para ir atrás de David Arroyo, outro candidato. Não logrou juntar-se ao vencedor de etapa, mas mostrou força e garra de campeão. Ainda relativamente à LA-Pecol, resta conhecer os efeitos psicológicos que os recentes casos de doping provocarão nos elementos da equipa durante a competição.
José Miguel Elias, actual camisola amarela, é um "outsider" que ainda não percebeu, com exactidão, quais os objectivos que poderá atingir. A sua equipa (Relax-Bodysol) não lhe oferece garantias, como já se percebeu facilmente, mas o corredor também já provou que consegue acompanhar os elementos das equipas mais fortes sem grande sofrimento. No conjunto espanhol há ainda um homem que pode vir a ser falado: Hector Guerra, especialista em contra-relógios. Caso faça uma boa etapa na serra da Estrela, não seria totalmente estranho que reunisse possibilidades de alcançar um boa posição, ou mesmo, uma vitória na Volta. Sem esquecer, claro, que a etapa de hoje (S. João da Madeira-Gouveia) será, igualmente, muito interessante. A chegada coincidirá com uma contagem de montanha de terceira categoria.
No cômputo de vencedores de etapas, a Espanha tem sido a rainha da prova. Até agora, arrebatou quatro (duas para a Kelme-Costablanca), enquanto Portugal e a Itália partilham um triunfo cada. À sétima etapa, já se registaram 24 desistências.
O percurso da Volta, "desenhado" pelo director técnico Joaquim Gomes, tem sido um êxito. As montanhas de segunda categoria, colocadas em locais estratégicos, têm contribuído para proporcionar etapas emotivas.
