Alves Salgado nasceu há 42 anos em Lisboa. Depois de ter concluído a licenciatura em Ciências Militares Navais, fez vários cursos de especialização. Em Maio de 2006 foi destacado para a Capitania de Aveiro. A região surpreendeu-o pela qualidade de vida. É um apaixonado pela fotografia, pela história e arqueologia subaquática. Costuma mergulhar em Lisboa e na Madeira, a terra da mãe.
A época balnear começou da pior maneira na área da capitania de Aveiro (cerca de 70 quilómetros de costa entre Ovar e Mira). Nos primeiros dias, um homem, de 49 anos, morreu numa praia perto de Mira. O comandante do Porto perspectiva hoje a época balnear. Revela o que mudou e dá garantias aos banhistas.
JN|Tal como no ano passado, uma vítima mortal na primeira semana da época balnear. Apenas coincidência?
Alves Salgado|A perda de uma vida humana é sempre uma tragédia. Foi numa zona não vigiada, por isso pedimos constantemente às pessoas para frequentarem praias vigiadas. Esperamos que, tal como no ano passado - em que um jovem morreu também no início da época balnear, na Barra - não morra mais ninguém nas praias de Aveiro. Para isso é preciso que as pessoas tenham cuidado, mesmo onde há nadadores salvadores. É um facto que temos um carro todo o terreno que vai às praias não concessionadas, mas é um para 60 quilómetros de costa.
O que mudou na área controlada pela capitania de Aveiro desde o ano passado?
Há três alterações. A principal praia da Vagueira, junto à marginal, praticamente desapareceu devido ao avanço do mar. Isso fez com que as pessoas tenham de ir especialmente para sul, daí que os três bares que pagam os nadadores salvadores tenham acordado colocar um a sul, numa zona que não está concessionada. Na praia de Maceda, o mar levou a estrutura de acesso, mas a Câmara vai colocar um estrutura, esta amovível, e pagar a um nadador salvador. Na Costa Nova, na praia em frente à igreja, que não era vigiada, por não ter concessionário, este ano também vai ter um nadador salvador graças a um acordo efectuado entre a Câmara de Ílhavo e a Associação de Nadadores Aveiro Rescue.
Todas as 11 praias concessionadas têm nadador salvador?
Têm, desde 1 de Junho e até 30 Setembro. Mais mesmo aquelas praias que tinham um pequena concessão, como uma banca de gelados, que nem sempre abrem, vão ter segurança. Isso só foi possível graças a um acordo com os 39 concessionários, bombeiros e as autarquias.
Vai repetir-se a experiência do último ano em que associações de nadadores vão responsabilizar-se pela coordenação da vigilância?
Sim, na Barra e Costa Nova, na Vagueira e Mira. Estamos a tentar incentivar o mesmo no Norte.
Há alguma zona que o preocupe mais em matéria de vigilância?
A Barra e a Costa Nova, pela quantidade de pessoas que recebem, são as zonas mais preocupantes em termos de vigilância. No ano passado, houve fins de semana em que estiveram 500 mil pessoas nessas duas praias. Do molhe sul da Barra só via cabeças, não via areia. Apesar da vigilância, é muita gente junta, o que é sempre preocupante.
Não era aconselhável que as pessoas se distribuíssem pela costa?
Há tradições, facilidades de acesso e, para além disso, a praia da Barra está abrigada dos ventos pelo esporão do porto. Compreende-se que a maioria procure essas praias.
O facto de no ano passado ter entrado em vigor as multas aos banhistas mal comportados pode levar as pessoas a terem mais cuidado com o mar?
O ano passado ficou provado que, com a nova lei, houve da parte dos banhistas um maior respeito pelas indicações dos nadadores salvadores. Passamos apenas três multas, o que significa que a esmagadora maioria se portou bem.
Três situações porque houve "tolerância máxima". Este ano vai haver a mesma postura ou vão ser menos pacientes?
Vamos manter a mesma postura, multando apenas aqueles que, desrespeitando as indicações do nadadores salvadores, ponham a vida destes e a sua em perigo. Não vai haver "caça à multa" até porque a postura do ano passado resultou. .
O primeiro multado, como adiantou o JN, pagou 150 euros. E os outros dois?
Como o fizeram voluntariamente, pagaram o mínimo previsto por lei, 55 euros casa um.
As embarcações de recreio vão continuar a ser alvo de vigilância constante na ria?
Vão, até porque o Verão é a altura do ano em que há mais barcos na ria. Vamos estar particularmente atento às questões de segurança.
Aconselha as pessoas a irem para os pequenos areais situados a nascente da ria, junto à Estrada Nacional 592, que liga a Costa Nova à Vagueira?
São zonas não vigiadas. São aprazíveis, não têm as ondas do mar, mas podem ter fundões e alguma corrente. É preciso cuidado, especialmente com as crianças.
Quer deixar um último conselho aos banhistas?
Queria lembrar que é proibido levar animais para as praias concessionadas, excepto animais-guia. É uma questão de saúde pública. As multas variam entre 55 e 550 euros.
