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As chamadas "pegadinhas" ("apanhados") do programa "Tarde Quente" exibido no Brasil , sob a condução de João Kléber, podem levar a emissora Rede TV a perder a sua concessão.
A solicitação é do procurador dos direitos dos cidadãos em S. Paulo e da procuradora regional dos direitos dos cidadãos substituta, em parceria com seis organizações não-governamentais. A acção civil baseia-se nas peças exibidas no programa, que são consideradas desrespeitosas dos direitos humanos, pelas alegadas manifestações de homofobia.
Os procuradores solicitaram ao Ministério Público Federal a anulação da concessão da Rede TV. E as ONG pedem que a Justiça conceda uma decisão liminar ordenando o fim imediato do programa, além de direito de resposta aos ofendidos por meio de uma emissão sobre direitos humanos, que seria exibida nos mesmos dias e horários que o "Tarde Quente". Os custos seriam pagos pela emissora.
A acção impetrada sugere ainda que a Rede TV e o apresentador João Kléber sejam condenados a pagar indemnização por dano moral colectivo para a sociedade no valor de 20 milhões de reais, quantia proporcional a 10% do facturamento bruto da emissora. Outro pedido de sanção imposta é para que o Ministério Público notifique os anunciantes do programa para que deixem de o patrocinar. O Ministério Público Federal disse que o "Tarde Quente" exalta a homofobia, alegando tratar-se de representação de violência social contra homossexuais, na medida em os gays ali encenados sempre terminam as cenas sendo punidos com socos e pontapés.
A Rede TV, por seu lado, alega que o programa pretende ser humorado, que não tem intenção de constranger e que, em último caso, poderá sofrer uma reformulação. A acção contra a emissora ainda não tem data para ser julgada. Em Portugal, João Kléber conduz o programa "Infiel ou infiel" na TVI, estação onde estará a negociar um outro formato televisivo.
