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O primeiro-ministro insiste que resposta ao aumento do preço dos combustíveis não passa pela redução da carga fiscal no país, mas pela "adopção de medidas ao nível europeu e até mundial". Daí que José Sócrates, ontem, no Parlamento, tenha voltado a garantir que o seu Governo "está empenhado na discussão no quadro da União Europeia".
Ao ser confrontado pelos deputados da Oposição, no debate quinzenal na Assembleia da República, com a necessidade de serem tomadas iniciativas "excepcionais" para responder à "situação excepcional", como classificou Jerónimo de Sousa, o chefe do Governo insistiu no discurso do apoio aos mais pobres. E voltou a acentuar a ideia de que é com a decisão de aumentar o abono de família para os escalões mais baixos e de congelar o preço dos passes sociais, que se "combate os efeitos dos aumentos dos combustíveis".
Foram argumentos que não convenceram nem a Direita nem a Esquerda. Por exemplo, Francisco Louçã, do BE, falou dos 707 milhões de euros de lucro da Galp para argumentar que o Governo "deveria obrigar as petrolíferas a diminuírem as margens".
Partiu de Portas a intervenção mais contundente em relação aos aumentos do preço dos combustíveis, ao dizer que "não basta que o primeiro-ministro diga que compreende a situação, porque os depósitos de gasolina não se enchem com compreensão". Fez questão de lembrar que no tempo em que o seu partido esteve no Governo em aliança com o PSD, em 2004, um litro de gasolina custava 90 cêntimos". A seguir acentuou que em 2008 o Ministério das Finanças arrecada 450 milhões de euros em ISP (Imposto sobre Produtos Petrolíferos). Sócrates contra-atacou ao dizer que o líder do CDS-PP, "que já foi das feiras, passou a ser conhecido por Paulo Portas das bombas" e sublinhou que a carga fiscal representa agora 60% do preço dos combustíveis, "menos 9% que em 2004". APC