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A Maçonaria Portuguesa depositou ontem no cofre de um banco um documento da Legião Portuguesa com nomes e moradas de 3600 antigos agentes e informadores da PIDE, mantido em segredo desde 1974 por um elemento de uma loja do Grande Oriente Lusitano (GOL).
A revelação foi feita à Agência Lusa pelo grão-mestre do GOL, António Arnaut, para quem o documento é "uma espécie de dinamite". "Há muitos agentes e informadores da PIDE que ainda estão vivos. Se fosse divulgado (o dossiê) poderia pôr em causa a paz social e causar enorme instabilidade e mal-estar", explicou.
O documento, dactilografado em folhas A4, foi encontrado por um membro da Loja da Liberdade há cerca de 30 anos no Palácio Maçónico, em Lisboa, ocupado pela Legião Portuguesa desde a proibição da Maçonaria pelo Estado, em 1935, até ao 25 de Abril de 1974. Segundo Arnaut, o dossiê foi mantido "no mais rigoroso segredo" até ao fim-de-semana passado, quando o maçon que o detinha o entregou à direcção da GOL, num almoço no âmbito do XI Congresso da Maçonaria, que decorreu num hotel de Lisboa.
O GOL vai decidir nos próximos dias o destino a dar ao documento. Apesar de reconhecer o seu "grande interesse histórico", Arnaut defendeu que seja entregue a uma instituição estatal que "mantenha o seu segredo", tendo em conta a "perigosidade" dos dados. "Talvez depois de passarem 50 anos sobre o 25 de Abril possa ser conhecido", afirmou.
Ouvido ontem na SIC Notícias, o historiador e deputado "bloquista" Fernando Rosas considerou que, tendo com conta o seu conteúdo e importância, o dossiê não deve ficar nas mãos de entidades privadas de qualquer tipo, devendo ficar na Torre do Tombo, em Lisboa.