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Trepador como ele não há no pelotão actual. Ao mais puro estilo do saudoso Marco Pantani, o dinamarquês Michael Rasmussen deu festival nas montanhas da oitava etapa da Volta a França (Le Grand Bornand-Tignes, 165 km) e não só ganhou a tirada, como também vestiu a camisola amarela e a camisola de rei da montanha.
Numa etapa muito animada, em plenos Alpes, o escalador da Rabobank decidiu atacar na penúltima montanha, Hauteville, e, depois de alcançar os outros aventureiros do dia, passou a pedalar isolado na derradeira subida, para o Lago de Tignes.
Na chegada, Rasmussen registou uma vantagem de 2.47 minutos para o segundo, o ressuscitado Iban Mayo (Saunier Duval), enquanto o anterior camisola amarela, o alemão Linus Gerdemann (T-Mobile) - que, apesar de tudo, se defendeu como um leão -, chegou na 20.ª posição, a 5.05 minutos do dinamarquês da Rabobank. Gerdemann falhou a defesa da camisola amarela por apenas 43 segundos, a vantagem de que Rasmussen dispõe agora.
O português Sérgio Paulinho, mais uma vez no papel de gregário da equipa Discovery Channel, pedalou entre os primeiros até à última montanha, tendo depois perdido ritmo, devido ao enorme desgaste sofrido. Ainda assim, terminou a etapa na 70.ª posição, a 20.05 minutos do rei da montanha do Tour. O desempenho de Paulinho valeu-lhe uma significativa subida na classificação geral, de 129.º para 91.º.
Entre os maiores candidatos ao triunfo na prova, o que melhor se saiu na até agora mais difícil etapa foi o espanhol Alejandro Valverde (Caisse d'Epargne), terceiro em Tignes.
Em grande esteve também o veterano francês Christophe Moreau (AG2R), que lançou sucessivos ataques na escalada final. Esses ataques, aliás, serviram para massacrar os homens da Astana, principalmente o cazaque Alexandre Vinokourov e o alemão Andreas Klöden, ainda não recuperados das quedas sofridas na quinta etapa. "Vino" e Klöden chegaram à meta a 4.29 minutos de Rasmussen e a 1.17 minutos de Valverde. O cazaque, tido à partida como o maior candidato à vitória no Tour, está agora na 22.ª posição da geral, a 2.32 minutos de Valverde, que é quarto.
A etapa ficou marcada por várias quedas, que motivaram vários abandonos. A Austrália perdeu três das maiores figuras na prova, Michael Rogers (T-Mobile) e Stuart O'Grady (CSC), estes devido a quedas, e Robbie McEwan (Predictor), que chegou fora do controlo. O caso de Rogers é inglório, pois o ciclista estava a fazer uma grande etapa e seguia no grupo da frente quando caiu, numa das descidas perigosas da viagem.
Outro incidente grave ocorreu depois do final da etapa, quando o alemão Patrick Sinkewitz, da T-Mobile, colheu um espectador, que se atravessou na estrada. O corredor sofreu uma fractura exposta da cana do nariz e o espectador ficou em coma.
O espectador atingido, que entrou em estado comatoso após ter perdido a consciência, foi transferido de urgência para o hospital de Chambéry, tal como o corredor da T-Mobile. O ciclista alemão regressava ao hotel montado na sua bicicleta quando sofreu o acidente.
Hoje, o Tour conhece o primeiro dia descanso, regressando amanhã para nova etapa de alta montanha, ainda nos Alpes.
