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"Ouvi ao longe milheiros de vozes, senti mais perto Galiza e Portugal". Este trecho da canção "Mais perto", ontem entoada vezes sem fim por cerca de duas mil crianças e jovens de escolas portuguesas e galegas, não podia descrever melhor o que se passou sobre as quatro pontes existentes no rio Minho.
Numa iniciativa organizada pela associação cultural e pedagógica "Ponte... nas ondas!" para reivindicar dos governos português e espanhol o relançamento da candidatura do Património Imaterial Galego-Português chumbada há dois anos pela UNESCO, agora que aquela organização abriu o prazo para novas inscrições até Setembro de 2008.
Sobre as pontes internacionais de Cerveira-Goian, Valença-Tui, Monção-Salvaterra e Melgaço- -Arbo, jovens de todas as idades cantaram e dançaram ao som do hino da candidatura e lançaram balões com as cores das bandeiras de Portugal e da Galiza (vermelhos, verdes, azuis e brancos), transformando as travessias numa autêntica festa.
"Correu tudo dentro das nossas expectativas. Agora vamos ver se os objectivos se atingem ou não. Estou convencida que a candidatura vai avançar, porque se em 2005 os governos reconheceram o interesse deste património e aceitaram apresentá-lo na Unesco, não se justifica que agora não fizessem o mesmo", declarou ontem, depois da iniciativa, Lurdes Carita, uma das principais dinamizadoras da "Ponte?nas ondas!" na margem portuguesa.
Com pouco mais de meia hora de atraso, as acções simbólicas cumpriram-se na pontes, tendo a primeira sido realizada, por volta das 11h00, na de Cerveira-Goian com o maior número, cerca de um milhar, de presenças registado em todas elas.
Convocadas para estes actos foram as escolas localizadas mais perto das margens do rio Minho. Meia hora depois foi a vez da ponte velha entre Valença e Tui, com cerca de 800 alunos, seguiram-se a de Monção-Salvaterra e a de Melgaço-Arbo, com apenas algumas centenas de jovens.
Alcaldeza
Sandra Gonzalez, alcaldeza de Tomiño (Galiza) compareceu na ponte Cerveira-Goian com o filho Rui de 22 meses nos braços. Casada com um galego descendente de portugueses, fala num grande "irmanamento fraternal" entre os povos.
Imagem
Santiago Velozo, um dos dinamizadores dos actos nas pontes, gritava após as largadas de balões "Uma imagem para o Mundo, um Património para o futuro".
Enamorada
Maria Luísa Grandal, professora em Salceda (Galiza), compareceu na ponte Monção-Salvaterra com 130 alunos. Confessa ser "uma enamorada de Portugal", do seu património, costumes e da "educação esmeradíssima" dos portugueses.
Semelhanças
Soraia Domingos, 16 anos, estudante de uma escola profissional de Melgaço, diz "Os galegos vivem a adolescência quase da mesma maneira que nós e em termos de cultura têm o folclore, os cantos ao desafio, que também se encontram na cultura portuguesa".