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Carioca. Sobrinho de Tim Maia, cresceu rodeado por música. Desde pequeno ouvia soul e funk, inclinando-se mais tarde para o rock. Participou como vocalista na banda Kabbalah, de hard rock. Ainda na adolescência abandonou os estudos para dedicar-se à música. Foi DJ. Com o guitarrista Comprido formou o grupo Conexão Japeri e gravou o primeiro disco em 1988. Logo em seguida, desligou-se do projecto e partiu para uma carreira a solo.
Éd Motta é um dos mais completos e melhores músicos brasileiros da actualidade. Sem abdicar da veia 'funk-soul', mistura influências que vão do jazz à música popular brasileira. A última passagem pelo nosso país serviu para apresentar o seu mais recente trabalho, "Aystelum", uma "ode à liberdade".
Jornal de Noticias| O que quer dizer o nome do álbum?
Ed Motta | O nome não tem um significado literal. O seu significado é uma sensação e ele passa a ser o nome do disco. Quando uma pessoa pergunta, o que significa "Aystelum"? Só pode estar associado uma coisa é o novo disco do Ed Motta. O significado é a vontade de causar uma sensação através das palavras.
O que quis dizer com este novo trabalho?
O novo disco é uma ode à liberdade. À liberdade artística, na vida, de pensamento. Mas fiz tudo com um extremo cuidado...
Como a oportuna escolha na participação de Alcione?
Isso! É muito interessante ter colocado uma pessoa como ela, que é um ícone no Brasil, ligada a outro estilo musical (samba) a fazer esta participação. A cantar uma faixa mais 'jazzística'. Na verdade, o jazz também faz parte do 'background' dela.
Foi complicado há 18 anos ter-se afirmado no panorama da música popular brasileira com um registo tão próprio?
Realmente não senti essa dificuldade. Não me posso queixar. Teve um misto de aceitação do público com uma atitude muito própria minha. Sempre fui um cara muito radical nas minhas opiniões. Nunca fui aquela pessoa que vai na festa na hora certa e que vai na estreia de espectáculos. E só falo a coisa errada no lugar errado. Sempre foi assim (risos)!
Que projectos actuais brasileiros tem gostado de ouvir?
Sou muito fã do Guinga e gosto do Jair de Oliveira.
Contava que a sua música tivesse tanta projecção internacional?
Na verdade, daqui vou para a Espanha, Alemanha, Dinamarca, Holanda e Bélgica . Sinceramente, com toda a modéstia, sempre acreditei que teria projecção e até acho que demorou. Porque a minha música sempre teve um elemento internacional muito forte. A minha música nunca foi uma representação da minha rua, do meu bairro ou do meu país. Represento-me a mim mesmo e sou um cidadão do planeta.
Foi o facto de gostar muito de banda desenhada que fez com que a capa do seu disco fosse um desenho animado?
Foi sim! Mas também o facto da minha mulher fazer banda desenhada. Isso faz parte da minha vida há muitos anos e até colecciono. Então, foi ela que desenhou a capa e até o meu site.
Acabou por ser uma conjugação mais que perfeita?.
É uma coisa muito nossa. Esses são os nossos filhos.