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AOrdem dos Arquitectos (OA) está a preparar um dossiê com propostas para uma possível utilização do Pavilhão de Portugal, no Parque das Nações - encerrado desde a Expo 98 -, que pretende apresentar ao presidente da Câmara de Lisboa (CML), Carmona Rodrigues, soube o JN.
Recorde-se que, em Setembro de 2004, Carmona Rodrigues anunciou a decisão da autarquia adquirir o pavilhão, para o transformar em espaço museológico. Mas, ao que o JN apurou, junto da CML e da Parque Expo (PE), mais de um ano passado sobre o anúncio as negociações continuam sem que haja prazo em perspectiva para a sua conclusão.
Em estudo estão também várias possibilidades que visam a transformação do emblemático pavilhão num pólo cultural "que dinamize aquela zona do Parque das Nações", informou fonte do gabinete de Carmona Rodrigues.
O abandono a que o Pavilhão de Portugal foi votado é lamentado por quem frequenta o Parque das Nações. E o seu aproveitamento como pólo cultural é praticamente unânime. Lino Murta é reformado e passeia frequentemente no Parque das Nações. "Foi dinheiro mal gasto construir o pavilhão para a Expo. Nunca mais serviu para nada a não ser alguns banquetes e cerimónias oficiais", lamenta.
"Acho que um museu ficava bem ali . Seria uma maneira de ter movimento, assim fechado é que não dá. Até já começa a ter rachas e fendas", afirma.
Fernando foi de Coimbra a Lisboa para passar o dia e levar o irmão a passear. Apesar de não conhecer o interior do pavilhão, estava impressionado com a emblemática pala e também defende que o imóvel seja aproveitado. "Não concordo que esteja sempre fechado. Por que não aproveitar, nem que fosse de vez em quando para exposições?", questiona.
Compra
O valor da aquisição do edifício, concebido por Siza Vieira, foi em 2004 estimado em 20 milhões de euros. A este montante somavam-se cerca de 140 milhões de dívida da autarquia para com a Parque Expo, decorrentes da gestão urbana do recinto, infra-estrutura, acessibilidades e expropriações feitas aquando da Expo 98. Para liquidar a dívida, a Câmara de Lisboa comprometeu-se a ceder à Parque Expo terrenos no Vale de Chelas e junto ao Parque das Nações.
Paredes já apresentam indícios de degradação
Imponente, fechado ao público desde a Expo 98 e quase sem utilização, a não ser para algumas cerimónias e encontros. Assim está o Pavilhão de Portugal, que representou o país na exposição mundial. Quem passa continua a admirar a famosa pala, questionando-se como é que se pode manter sem cair. No entanto, nem aos mais desatentos podem passar despercebidos os buracos, rachas e fendas que já são notórios nas pedras mármore das paredes do pavilhão. Cabe à Parque Expo a manutenção e arranjos do imóvel, enquanto o negócio de aquisição por parte da CML não se concretiza. O JN tentou, junto da Parque Expo, saber como é efectuada a manutenção, mas não foi possível, por o responsável se encontrar de férias.