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Sabia que a pedra azul extraída nas pedreiras da Madalena ajudou a reconstruir algumas cidades arrasadas pela II Guerra Mundial? Pois bem para lembrar este facto, mais os artífices e o trabalho escravo dos pedreiros, nasceu , em Vila Nova de Gaia, a Confraria da Pedra. "A memória do lugar tem de ser preservada", dizem os responsáveis.
"As pedreiras deram emprego a centenas de pessoas e tiveram um lugar de relevo nesta zona do concelho entre as décadas de 50 e finais do século XX. ", recordou José Carlos Almeida, presidente da Confraria da Pedra, fundada há cinco anos em Gaia. Agora, a instituição quer lembrar às gerações mais novas o facto da pedra azul da Madalena ter sido exportada para vários cantos do mundo.
"A freguesia chegou a ter em laboração três grandes pedreiras. Segundo relatos conhecidos da época, chegou a exportar-se pedra para o Brasil, Países Baixos, Holanda e Bélgica. Actualmente, existe apenas uma pedreira em exploração. A pedra faz parte da nossa matriz. É um facto histórico", diz o responsável da confraria.
Neste âmbito, a instituição mostra-se empenhada preservar a "pedra azul", divulgar a arte de pedreiro, um ofício em vias de extinção e promover debates sobre o granito da Madalena. "A pedra também pode ser um elemento artístico e ajudar a embelezar as nossas cidades. Por outro lado, não devemos deixar morrer a tradição", assegura José Almeida.
Trabalho duro
Outro dado a reter diz respeito ao facto da instituição querer perpetuar o trabalho duro das pedreiras e as vítimas dos acidentes. Na Madalena, como em outros locais de extracção de pedra, existem tristes recordações, memórias que o tempo não consegue apagar. "Logo a seguir à fundação da Confraria e num curto espaço de 100 dias, ocorreram duas mortes e ambas, numa pedreira da freguesia. As vítimas foram dois dirigentes, José Moreira e José Tojal Poças. Por isso, também queremos homenagear as vítimas e o trabalho árduo dos pedreiros", concluiu José Almeida.
Hoje, a maioria das pedreiras foram desactivadas. Nuns casos, assemelham-se a autênticas "crateras lunares" e transformam-se em locais perigosos, onde, por vezes, surgem mortes por queda ou afogamento. Em outros casos, os seus locais dão lugar a modernas urbanizações com espaços de lazer e jardins destinados à fruição pública.
A Confraria da Pedra conta actualmente com 33 membros. Com alguma regularidade procura promover debates, reuniões sobre o património. A "pedra azul" é o centro de todas as atenções.
Debates e colóquios
lembram trabalho duro
Todos os meses, os responsáveis da confraria organizam debates, convidam gente directa ou indirectamente ligada à indústria das pedreiras para abordar a importância da pedra na freguesia. Entre os convidados, conta-se o antigo vereador da Cultura, Barbosa da Costa, um estudioso das cultura local e Hélder Pacheco, investigador e autor de vários lovros sobre o Porto.
Terrenos abandonados deram lugar a jardins
Já foram mais as empresas do ramo de extracção de pedra a existir no concelho de Gaia. Entre as freguesias, a vila de Canelas ainda mantém uma forte tradição ligada à indústria da pedra, mas na freguesia da Madalena, continua uma empresa em laboração. "As antigas pedreiras deram lugar a algumas urbanizações. Na Madalena existem alguns casos, espaços públicos, locais de lazer", diz José Carlos Almeida.