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O Governo da África do Sul admitiu ontem a urgência de acelerar os programas de luta contra a pobreza, que considera um dos factores, eventualmente até o principal, na origem dos "inaceitáveis e vergonhosos" ataques xenófobos das últimas semanas, segundo um comunicado do Executivo.
Considerando que os ataques contra imigrantes resultam "de um complexo conjunto de factores", o Governo sul-africano lamenta que "preocupações reais", designadamente quanto ao acesso à água potável e ao emprego, sejam "exploradas para manipular comunidades e levá-las a atacar os nossos pais, irmãos, irmãs e crianças da África do Sul, do continente africano e de algumas partes do Mundo".
Assegurando que "nenhuma violência será tolerada", o Governo sul-africano afirma que "a Polícia e o Exército vão manter-se em alerta pelo tempo que for necessário".
O Governo, que se reuniu sem o presidente Thabo Mbeki, que está no Japão para uma conferência sobre África, afirma ainda que vai criar "tribunais especiais para acelerar os processos contra os autores da violência", acrescentando que a punição será exemplar.
Quanto às vítimas de ataques xenófobos, o Governo afirma que está a preparar "acções com organizações da sociedade civil para garantir um abrigo temporário, seguro e decente para as atingidos pela violência". O Governo assegura que os ataques xenófobos estão limitados a determinadas zonas e que, mesmo nessas zonas, "só uma pequena minoria está envolvida" na violência.
Os ataques contra imigrantes, que começaram no passado dia 11 num bairro de lata de Joanesburgo e estenderam-se depois a outras cidades, visam sobretudo moçambicanos, zimbabueanos, etíopes, chineses e paquistaneses e fizeram pelo menos 56 mortos, centenas de feridos e mais de 35 mil deslocados.