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De acordo com as sondagens europeias, nenhuma das opiniões públicas dos actuais 25 países da União Europeia é maioritariamente favorável à adesão efectiva da Turquia.
Curiosamente e apesar de a sua entrada ser um mau negócio para Portugal, do estrito ponto de vista da contabilidade dos ganhos e perdas de fundos, os portugueses são os seus terceiros maiores defensores, logo a seguir a húngaros e britânicos. A percentagem de Portugueses a favor oscila entre 42 e 43 por cento, contra cerca de 45 por cento no Reino Unido e cerca de 50 por cento na Húngria.
Ao nível diplomático, a posição portuguesa está em sintonia com a da Comissão Europeia que, há um ano, recomendava aos Vinte e Cinco que acertassem uma data para o início das negociações de adesão do candidato turco depois de ter constatado que este cumpria os requisitos políticos necessários, isto é, os requisitos definidos pelos líderes da União na Cimeira de Copenhaga em 1993.
Para os sucessivos governos portugueses, incluindo o de José Sócrates, a adesão turca é uma boa coisa por três ordens de razões éticas e políticas; estratégicas, culturais.
No entendimento português, o imperativo ético e político prende-se com a necessidade de a UE ser consequente e coerente com os compromissos que foi assumindo para com a Turquia durante o longo processo de preparação desta última para as negociações de adesão. Tem de cumprir as promessas que foi fazendo aos turcos sob pena de perder credibilidade interna e externa.
Do ponto de vista estratégico, Portugal coloca o ênfase na dimensão económica, nas capacidades de defesa e no papel de potência regional do Estado turco, factores que contribuem para a segurança do continente europeu. Contando com a Turquia nas suas hostes, a Europa sairá reforçada na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) vendo reforçada a sua capacidade de afirmação na cena internacional.
No plano cultural, a diplomacia portuguesa vê na adesão turca, a adesão de uma democracia laica e um veículo precioso para o diálogo entre culturas sobretudo na actual conjuntura internacional. Tanto mais que os critérios de Copenhaga não excluem os povos muçulmanos.