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Depois da Pateira de Fermentelos, onde praga foi detectada há uma década - e, apesar das sucessivas denúncias, ainda não houve governo que lá mexesse - este ano já é o rio Vouga que se apresenta ameaçado pelos jacintos de água, uma planta flutuante que, em boas condições (águas paradas, acumulação de matéria orgânica e elevadas temperaturas), reproduz-se a um ritmo alucinante, reduzindo o teor de oxigénio e ameaçando a fauna e a flora autóctones.
Os primeiros jacintos apareceram no rio Vouga no ano passado. " Eram poucos, mas já me deram trabalho e despesa", diz Manuel Moura, um agricultor de Sarrazola, Cacia.
"Este ano é que apareceram em força", testemunha este agricultor de 66 anos, que não se lembra de ter visto um jacinto no rio Vouga. O certo é que apareceram e em tal quantidade que Carlos Salgado, técnico de remo da Colectividade Popular de Cacia (CPC), decidiu cancelar os treinos no Rio Novo do Príncipe, o troço para onde a Câmara de Aveiro prevê construir uma pista de remo.
"Imagine que chocam com os jacintos. O barco vira e os miúdos ficam lá. Prefiro não arriscar", diz o treinador da CPC, clube que tem 50 atletas a praticar remo no rio.
De S. João de Loure a Cacia, os jacintos são visíveis, a flutuar no meio do rio ou encostados às margens, numa extensão de vários quilómetros. Além da ameaça que representam para a fauna e flora locais, os agricultores temem a infestação das valas agrícolas e que a "praga" se instale nos campos. "Entram nas valas e ninguém os tira de lá". A Associação de Defesa do Ambiente de Cacia e Esgueira (ADACE) está a elaborar uma exposição, para enviar aos ministérios da Agricultura e do Ambiente , onde pede um intervenção "rápida e urgente".
Quem já não vai em exposições é o presidente da Junta de Requeixo, que acusa os sucessivos governos, ministérios e direcções regionais de "incúria" . E de "crime público, porque não?"
"Alertar, alertamos, mas ninguém responde", protesta Diamantino Jorge.
Assaltos "selectivos" na Direcção de Ambiente
As instalações da Direcção Regional do Ambiente do Centro, na Avenida Fernão de Magalhães, foram assaltadas cinco vezes (duas delas na forma tentada) no espaço de três meses. O facto dos assaltantes levarem apenas determinado equipamento, deixando ficar outro de valor superior, está a intrigar alguns responsáveis do organismo. O último assalto registou-se na noite de sexta-feira para sábado, tendo sido levados computadores e monitores. Como refere fonte daquele organismo, os suspeitos "não levam tudo o que encontram, parecem ter uma lista. Roubam um computador e deixam aparelhos mais valiosos que estão na mesma sala". "E mexem em papéis", acrescentam.
O próprio vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Centro, Girão Pereira, que desvaloriza os assaltos, admite que os indivíduos parecem actuar de forma selectiva. P.G.