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Artistas contemplados consideram iniciativa fulcral para "dinamizar meio fadista" e inverter "vulgarização do fado" Primeira gala do género em Portugal tem lugar amanhã no palco do Teatro São Luiz, em Lisboa
Os músicos distinguidos com os Prémios Amália Rodrigues, a serem entregues amanhã à noite em Lisboa, consideram que estes galardões vêm dinamizar a grande referência musical de Portugal além-fronteiras o fado.
Criados este ano pela Fundação instituída pela fadista, falecida em 1999, os galardões serão entregues num espectáculo de gala no Teatro São Luiz, em Lisboa.
Os prémios "são fundamentalmente distintivos para memorizar e honrar a figura da fadista", frisou, em declarações à agência Lusa, António Manuel de Morais, membro do júri e do Conselho de Administração da Fundação Amália Rodrigues.
'Dinamização bem-vinda'
Ao sustentar que esta gala constitui "um virar de página" na Fundação, António Manuel de Morais frisa que a iniciativa "será o reencaminhar da Fundação Amália Rodrigues".
A fadista Mariza, que recebe o prémio "Amália Internacional" afirmou, por seu turno, que o fado "continua a ser a grande referência musical de Portugal no estrangeiro".
Entretanto, a maioria dos distinguidos concorda que esta iniciativa "vem dinamizar o meio fadista". José Luís Gordo, distinguido com o prémio "Melhor Poeta de Fado", afirmou que "todos os prémios são um incentivo para os artistas" e "surgem como um reconhecimento do trabalho", destacando o facto de que "o fado é a nossa canção e precisava desta atenção especial".
Entre os 17 distinguidos na área da música, 13 são da área do fado e os outros nas áreas da Música de Coimbra, Música Étnica, Música Sinfónica e Internacional, pela divulgação da música portuguesa além fronteiras.
Na gala, Mariza e Camané - premiado com o galardão "Melhor Intérprete Masculino" -, não estarão presentes por motivos de agenda profissional.
Nos últimos dias, Mariza tem actuado em vários palcos nos Estados Unidos da América na noite passada cantou no Humphrey Concerts Bay, em San Diego, estando ainda previstas mais duas actuações na Califórnia antes de regressar à Europa para uma digressão que deverá estender-se até Maio de 2006. Todavia, e apesar de não poder comparecer na cerimónia, Mariza disse estar "satisfeita e contente" pelo reconhecimento do trabalho que vem desenvolvendo desde 1999, altura em que iniciou a sua fulgurante carreira de cantora.
Opinião semelhante expressou Ricardo Ribeiro, vencedor do "Prémio Revelação", e Ana Sofia Varela, considerada "Melhor Intérprete Feminina". "Acredito neste prémio como uma vitória, mas esta deve-se à perseverança e trabalho que realizo com gosto", disse Ricardo Ribeiro. Para Ana Sofia Varela, o Prémio "dá mais força para continuar o caminho".
Já José Luís Gordo vê a distinção como "um reconhecimento de uma vida dedicada à poesia de fado que foi tão malquisto por outros, que agora está na moda e, de certa forma, vulgarizou-se".
* Com agência Lusa
São 17 os galardões da Fundação Amália. Entre diversos géneros, eis a lista dos principais prémios Mariza (Amália internacional); Camané (Intérprete masculino); Ana Sofia Varela (Intérprete feminina); Hélder Moutinho (Álbum); Carlos Gonçalves (Guitarra portuguesa); Joel Pina (Viola baixo); José Fontes Rocha (Compositor); Raul Nery e Argentina Santos (Carreira); José Pracana (Fado amador); Luiz Goes (Fado de Coimbra); e Carmo Rebelo de Andrade e Ricardo Ribeiro (Revelação Fadista).
