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Autores de temas bem sucedidos , Paulo Gonzo e Toy acreditam na ligação entre a banda sonora e o êxito das produções Mercado acompanha o crescimento
Quando a música depende das novelas
A pergunta fica São as músicas que fazem as novelas, ou estas que são uma mais-valia para a música? Escolhemos dois profissionais com experiência no panorama português, os músicos Paulo Gonzo e Toy para tentar dar resposta a esta e outras questões dentro deste mundo em franco crescimento chamado ficção nacional.
Falando sobre o facto de "a imagem ser indissociável do áudio", o autor de "Dei-te quase tudo", nome da nova telenovela da TVI, afirma que o facto de terem "escolhido a música para título é também uma mais-valia para a novela". Com base num tema de 1997, Paulo Gonzo voltou a entrar em estúdio, há cerca de um mês, e fez uma versão mais actual de "Dei-te quase tudo" - a ser incluída como "bónus trak" no seu próximo álbum, a editar ainda em Janeiro - e compôs os temas "Falamos depois" e "Sei-te de cor", que servem de apoio às personagens interpretadas por Fernanda Serrano e Pedro Granger
"As pessoas podem deixar-se prender pela música e trazer mais audiência à novela", salienta pelo seu lado Toy, autor dos genéricos e de alguns temas de "Olhos d' água", "O último beijo", "Nunca digas adeus" e "Tudo por amor". O cantor está convencido que "não foi por acaso que, tanto o genérico como outras músicas, tiveram êxito, pois as pessoas todos os dias as ouviam durante a emissão das novelas. Mas, também acontece uma situação paralela, benéfica para ambas as partes, quando as pessoas através da novela identificam as músicas".
Paulo Gonzo revela mesmo que há uns anos era "considerado um bocado foleiro ter uma música na banda sonora de uma novela. Creio que foi a partir de 'Jardins proibidos' (tema e título) que as músicas ganharam importância e se começaram até a vender discos através das novelas".
Actualmente, este facto é uma realidade e existem casos de sucesso, como a banda portuguesa D'zrt, que é uma verdadeira "coqueluche" junto das camadas mais jovens e ganhou notoriedade ao acompanhar o percurso da novela "Morangos com açúcar", outro produto da ficção nacional que tem dado bons frutos à estação de Queluz.
No que toca a compor directamente para as novelas, Paulo Gonzo fala da sua experiência em "Jardins proibidos", em que teve de ler o guião e pedir fotos dos protagonistas para poder fazer uma música que parafraseasse ou que suportasse a imagem de cada um, "oara fazer os temas à medida e, ao mesmo tempo, acompanhar a acção". O músico acrescenta tratar-se de uma actividade muito interessante, "porque tem-se a hipótese de passar por uma série de géneros diferentes, da pop à clássica, por coisas mais melancólicas, apenas com cordas. Acho que é um desafio para o compositor, pois põe à prova a sua elasticidade mental".
Toy fala em compor com inspiração ou transpiração. "Quando nos telefonam a dizer que têm uma história para a qual vamos ter de fazer música para o genérico e para alguns personagens, temos um trabalho de transpiração. Como costumo dizer, o entusiasmo das encomendas ajudam também a espicaçar a nossa inspiração, que vai surgindo quando as pessoas se lembram de nós para fazer coisas que tenham impacto televisivo. Eu crio rapidamente coisas através do entusiasmo que tenho de poder chegar a muita gente".
Mas será que caminhamos no sentido de criar uma geração de autores de bandas sonoras para a ficção nacional crescente? Para Toy, "as novelas podem, de facto, servir de escoamento para muita gente nova que quer passar à prática aquilo que aprendeu em teoria, ou dar continuidade a um projecto. E existe muita juventude com talento e capacidade de trabalho, que não podem dar seguimento aos projectos que sonharam".
Paulo Gonzo esclarece que não gosta de "fazer futurologia". Contudo, reconhece que "cada vez mais, não se pode fazer música a metro como se faz para um "spot" institucional. É exigido muito rigor em termos sonoros e também criativos. Uma coisa puxa a outra e acho que se pode fazer televisão com boa ou má qualidade. A televisão é o exemplo mais específico e, simultaneamente, mais actual que existe".
Discos vendidos
30
mil Cópias totalizam até ao momento as vendas da banda sonora de "Ninguém como tu", desde a data de lançamento, em Junho último.
3172
cópias Total das vendas alcançadas, apenas nas lojas Fnac pela música da brasileira "América", emitida na SIC. 59.000 exemplares Vendidos em Portugal desde o passado dia 31 de Outubro do CD de "Morangos com açúcar"(Série de Verão 2).
5 Bandas sonoras Das cinco séries de "Morangos com açúcar" estão nesta altura disponíveis no mercado