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Uma rede espanhola que fabricava químicos ilegais para engorda de gado, a distribuir em ganadarias de Espanha e Portugal, foi desmantelada ontem numa acção conjunta da Polícia Nacional e Polícia Autónoma da Catalunha.
Na acção policial foram detidos oito indivíduos, todos de nacionalidade espanhola, entre os quais o responsável máximo pela rede. Foi igualmente descoberto um laboratório clandestino em Les Borges Blanques (Lleida), onde se fabricavam os cocktails de químicos, à base de benzoato de estadiol e trembolona, juntamente com uma substância que disfarçaria o rasto dos tratamentos ilegais.
Apesar do uso destes cocktails hormonais ilegais nas cabeças de gado ser disfarçado, os vestígios deixados pelos químicos na carne podem implicar riscos para a saúde humana, já que podem causar depressão, diminuição do sistema imunológico ou palpitações.
Os vários elementos da rede distribuíam as substâncias por 18 ganadarias de Portugal e Espanha.
Segundo a Unidade Central Operativa de Consumo da polícia, este grupo tinha condições de fornecer químicos ilegais a cerca de 10 mil cabeças de gado por ano. As doses eram vendidas a um preço entre 30 a 35 euros cada uma.
A Associação Nacional de Produtores de Gado de Espanha (ASOPROVAC) já se manifestou contra estes métodos ilegais de engorda de gado, que "danificam a imagem do sector", como afirmou o porta-voz. A associação teme que este problema represente um "dano terrível", especialmente quando o sector se esforçou para reforçar as medidas de segurança e criar confiança no consumidor, abalada com a crise das vacas loucas.
O responsável pela Associação Nacional dos Engordadores de Bovinos portuguesa saudou a detenção, considerando-a "uma óptima notícia". Para Rodrigues da Silva, tem de haver uma maior fiscalização a "todas as explorações" da União Europeia, para que a carne portuguesa possa estar "em pé de igualdade" com as dos restantes países. O responsável defendeu que "os produtores têm de lutar pela boa carne".
ASAE já investiga
Em Portugal, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) já iniciou as investigações para apurar quais as explorações bovinas portuguesas que usavam o tratamento ilegal de engorda de gado. Miguel Lage, porta-voz da ASAE, revelou à Lusa que os "inspectores estão no terreno" a fim de descobrirem se há gado português injectado com os cocktails de químicos ilegais, distribuídos através de uma rede espanhola aos criadores portugueses. O envio das subtâncias para Portugal era feito por um residente de Sevilha, através de correio rápido, com remetente falso. Este indivíduo foi igualmente detido pelas autoridades espanholas na operação policial que ontem desmantelou a rede. A ASAE mantém os contactos com as autoridades espanholas , mas ainda são desconhecidas as ganadarias portuguesas que compravam este produto ilegal.
