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A Reitoria da Universidade de Aveiro proibiu a praxe no interior do "campus" universitário. É a consequência directa dos excessos cometidos por alguns "doutores", que obrigaram inclusivamente uma aluna caloira, alegadamente com problemas de epilepsia, a ter de receber atendimento médico de urgência.
A decisão da reitoria, que abre apenas uma excepção no dia 25 (dia da praxe geral), recolhe algumas críticas da associação académica, que condena o facto da decisão da suspensão da recepção aos caloiros ter sido tomada de forma unilateral.
O caso da aluna hospitalizada tem leituras diferentes feitas pela reitora, Maria Helena Nazaré, e pelo presidente da Associação Académica, Ricardo Ferreira. Para a reitora, a aluna, se sofria de algum problema de saúde, "não devia ter sido de todo sujeita à praxe", mesmo que o que se passou "tenha sido por qualquer outro motivo". Já para o líder dos estudantes, a caloira "estava na praxe de livre vontade" e mal lhe "deu o ataque de epilepsia" foi "prontamente assistida por um veterano já formado em enfermagem".
Maria Helena Nazaré diz que este não foi o único motivo para a suspensão da praxe. Os gritos e as cantigas, que forçaram à anulação de exames, também contribuiram. "Algumas avaliações da época especial tiveram de ser mudadas por causa do barulho. No futuro, tem que haver um enquadramento diferente. Esta medida tem principalmente um carácter preventivo e pedagógico", afirma a reitora.
Ricardo Ferreira não está totalmente contra "a medida pedagógica" preconizada pela reitoria, mas enquadra-a no "aumento do número de alunos" e consequentemente "de um maior espírito académico vivido no 'campus'". Quanto ao futuro, a reitora garante que o caso está "entregue ao Senado" e que espera que os alunos "dinamizem a discussão", pois o objectivo passa por "uma perspectiva diferente de praxe", opinião com a qual Ricardo Ferreira concorda e assume "que são precisas novas regras" e alterar um código que foi "criado há nove anos atrás", numa altura em que a universidade "não tinha a dimensão que tem agora". "Vamos reunir e tomar medidas concertadas para que o espírito académico continue a frutificar como até aqui", afirma o dirigente estudantil.