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Os assaltos à mão armada a carrinhas de tabaco, envolvendo o sequestro dos motoristas, continuam a grande ritmo na Região Norte. Em menos de dois meses houve mais de uma dezena de ocorrências, contando com as três registadas, nas últimas semanas, na zona litoral do concelho de Vila Nova de Gaia.
Um ou mais gangues organizados poderão estar na origem desta vaga que está a levar as empresas distribuidoras ao desespero. "Estamos a ficar completamente perdidos. Não sabemos mais o que fazer", desabafa Helena Baptista, presidente da Associação Portuguesa de Armazenistas de Tabaco (APAT), defendendo uma intervenção coordenada de todas as forças policiais.
Anteontem à tarde, pouco antes das 16 horas, um grupo de indivíduos encapuzados e armados surpreendeu um vendedor que se encontrava de serviço junto ao pão-quente "Príncipe de Salgueiros", em Canidelo, Vila Nova de Gaia. O método foi "o mesmo de sempre", segundo fonte da firma lesada, com sede em Ovar.
O condutor foi obrigado a entrar na carrinha e sequestrado até um local situado a cerca de 500 metros, onde os assaltantes procederam à transferência do tabaco (14 caixas) para outro veículo. Aquela empresa tinha sido assaltada no passado dia 24 de Abril, na zona de Paramos, em Espinho. O responsável da firma, contactado pelo JN, lamenta a falta de resposta das autoridades e defende penas mais pesadas para crimes desta natureza. Como forma de prevenção, acredita que um sistema semelhante ao "Táxi Seguro" (o motorista ao ser assaltado acciona o alarme para uma central policial) poderia ser uma solução mais eficaz do que o GPS.
Farto de ser vítima
Nas últimas três semanas, outras duas carrinhas de tabaco, pertencentes a uma firma da Madalena, em Gaia, foram assaltadas naquele concelho. Passaram assim para sete os roubos contabilizados desde o Verão do ano passado. "Já perdemos mercadoria de 100 mil euros, e não temos seguro", revelou o proprietário, António Raposo, lamentando que "a Polícia não actue". Num dos casos mais recentes, o vendedor foi atacado à porta do armazém, na Madalena, e levado até S. Félix da Marinha. Na semana passada, a investida ocorreu junto a um café em Miramar, envolvendo também o sequestro do motorista, de 60 anos, que acabou por deixar o trabalho. "Despediu-se porque aquele foi o quinto assalto que sofreu. Não aguentava mais", realçou o comerciante.
Helena Baptista, que enquanto líder da APAT teve recentemente uma reunião com a GNR para abordar a vaga de assaltos, reitera que os comerciantes "continuam a ser penalizados" e pondera pedir uma audiência ao Ministério da Administração Interna.