Aideia de transpor os protagonistas das principais séries infantis da televisão para os palcos é uma aposta ganha da Elec3city. Actualmente, a produtora ocupa uma posição de monopólio nos espectáculos para grande público. E, ao que parece, ainda "é claramente um sector com um elevado potencial a explorar", como revelou ao JN Artur Mendes, presidente da empresa.
Depois de eventos como "Noddy live", em 2005, e "Bob o Construtor", já este ano, terem levado mais de 150 mil espectadores às maiores salas de espectáculos do país, é com o "Ruca ao vivo" - que estreou anteontem no Coliseu do Porto e se apresenta hoje pela última vez em três sessões às 11, 15.30 e 19 horas - que se encerra a trilogia em palco.
De 28 de Junho a 1 de Julho, este formato será alargado, dando origem ao Meu 1.º festival", iniciativa inédita que juntará aqueles três personagens, e que promete oferecer durante quatro dias o modelo dos festivais de Verão aos mais pequenos.
Negócio rentável
A Rua Passos Manuel, no Porto, viveu, anteontem, um final de tarde agitado. Junto ao Coliseu era evidente o frenesim de quem esperava impaciente pelo início do "Ruca ao vivo". "Ó mãe, vai demorar muito para entrarmos?", interrogava a Inês, de quatro anos, pequena portuense. Logo à frente, o David, da mesma idade, olhava-a de soslaio como que a mostrar com troça que conseguiria entrar primeiro - depois de abertas as portas houve verdadeira correria, com a pequenada a tentar furar por entre as pernas dos adultos que os acompanhavam.
No hall do Coliseu, os pais faziam um esforço - claramente sem sucesso na maioria dos casos -, para ultrapassarem o assédio de merchandising alusivo ao boneco Ruca. E se ainda na rua não tivessem resistido à venda ambulante de cachecóis (a cinco euros) e de balões, acrescia-se agora uma bandeirola colorida com ilustrações do Ruca e da sua irmã Rosita (a cinco euros) e o boneco em pano (15 euros).
A certeza que os espectáculos destinados ao público infantil são um negócio rentável, verifica-se na diversidade de produtos. O role de atractivos fica completo com t-shirts de várias cores e tamanhos, e discos que eram vendidos já da dentro da sala.
Mal a cortina se abre, os cenários coloridos chamam pelo olhar. E durante 90 minutos de espectáculo (incluído um intervalo de 20 minutos), acompanham a progressão da história com variadas cores fortes em rotatividade.
A pequenada demonstra conhecer com detalhe cada personagem. E sabe os nomes na ponta da língua o gato Riscas, os amigos Luís e Clementina, a irmã Rosita e o pai e a mãe do Ruca. Mas é quando o protagonista entre cena que a histeria se apodera da sala. Os pais, freneticamente, fazem malabarismos para as crianças terem o melhor ângulo do palco. O esforço torna-se inglório, mas o entusiasmo dos pequenos mantém-se, com músicas e letras cantadas em coro.
