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"Houve uma manifestação de disponibilidade por parte do Governo português para apoiar as autoridades angolanas no combate contra a cólera, mas a situação não é tão grave que necessitemos neste momento de accionar essa ajuda", disse ontem à agência Lusa fonte do Ministério da Saúde de Angola.
Já depois desta tomada de posição, a agência noticiosa Angop (estatal) revelou, ontem à noite, que o ministro da Saúde de Angola, Sebastião Veloso, anunciou que a epidemia de cólera (que alastra em Luanda, desde o dia 13 de Fevereiro passado) já provocou 10 mortes em 102 casos registados na cidade.
A presença da epidemia foi anunciada oficialmente, no passado dia 19, pelo Governo Provincial de Luanda, o Ministério da Saúde de Angola e a Organização Mundial de Saúde (OMS).
A Angop noticiou, ontem à noite, que "dez novos casos de cólera foram registados nas últimas 24 horas", com a seguinte localização "um no bairro Prenda (Maianga), dois no Sambizanga, igual número no Cazenga e os restantes cinco na Boavista".
Aliás, a edição digital do "Jornal de Angola" (estatal) referia, na tarde de ontem, que, embora os casos de cólera detectados em Luanda estivessem confinados ao bairro de Boavista (junto ao porto), as autoridades sanitárias admitiam que a epidemia pudesse "estender-se para outros bairros da capital, ao registar na quinta-feira um caso na Ilha de Luanda, igual número no Rocha Pinto (Maianga), outro no Hoji-ya-Henda (Cazenga)".
Ontem, o jornal "Correio da Manhã" noticiou que a Delegação Provincial de Saúde de Luanda formalizará, depois de amanhã (em reunião com representantes diplomáticos de Portugal, na capital angolana) o pedido de ajuda às autoridades portuguesas para "apoiarem os trabalhos de controlo e prevenção da cólera" em Luanda. No entanto, em declarações à agência Lusa, fonte do Ministério da Saúde de Angola afirmou ontem que "não se justifica", nesta altura, a movimentação de pessoal e de material do exterior, uma vez queque isso implicaria uma operação logística que não é necessária.
"Temos vindo a registar três ou quatro casos por dia, mas as mortes provocadas pela cólera pararam desde os primeiros dias da epidemia", adiantou a mesma fonte, que sublinhou "Se a situação vier a agravar- se, naturalmente será pedida ajuda" a Portugal.
Segundo o "Jornal de Angola", o governador da província de Luanda, Job Castelo Capapinha, apelou, na semana passada, às organizações juvenis, comunitárias e religiosas para desenvolverem campanhas de sensibilização e educação da população, no sentido de se evitar a propagação da epidemia.
Recorda-se que a cólera é uma doença altamente contagiosa, transmissível através da água e de alimentos contaminados, ou através do contacto directo com as fezes de pessoas doentes.