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Num só dia o céu desabou na cabeça da administração da SAD do F. C. Porto. A UEFA enviou, nas elegantes palavras da instância do futebol europeu, um procedimento disciplinar, que mais não é do que uma nota de culpa, em que aponta como pena a exclusão da Liga dos Campeões. Para completar a tragédia, Paulo Assunção accionou a Lei Webster e rescindiu contrato.
Num ápice desmoronou-se a estratégia do "não recurso útil" à sentença da Comissão Disciplinar da Liga e o F. C. Porto está agora à mercê de sofrer o maior vexame da sua história, que será ser excluído da Champions logo no ano em que, no campo, conseguiu o apuramento mais folgado de que há memória.
O F. C. Porto irá agora tentar fazer valer os seus argumentos, até porque os actos que o condenaram (2004) são muito anteriores à criação da norma agora usada para uma eventual pena (2007) e até posteriores aos de Milan e Juventus (2005/06), mas fica agora claro como a água que, no mínimo, foi imprudente, para não dizer catastrófico, não recorrer da sentença da Liga. De resto, é o próprio instrutor da UEFA que escreve, no documento enviado ao F. C. Porto, que o recurso de Pinto da Costa só diz respeito ao presidente e não ao clube.
Pela primeira vez em muitos anos, provavelmente pela primeira vez nos 26 anos de presidência de Pinto da Costa, o sempre fechado e unívoco círculo dirigente é questionado interna e externamente. O administrador Adelino Caldeira, um dos que mais cultivam e preservam a discrição, terá de se explicar, sob pena de ficar com o ónus da decisão de não recorrer, ou não fosse ele o responsável pelo pelouro jurídico, tantas vezes elogiado - caso Adriaanse, caso Del Neri, caso Fehér, etc. E como explicar aos adeptos uma eventual sanção de que o principal beneficiado se chama Benfica? Pior era difícil.
Mas como quando as coisas correm mal podem sempre ficar pior, foi também ontem que Paulo Assunção apresentou a rescisão com o clube. O jogador que Lucho e Lisandro dizem ser o melhor da equipa, o jogador a quem Jesualdo deu a tarefa de ritmar e equilibrar a equipa optou por bater com a porta depois de meses a negociar a renovação. Este caso também mostra que, afinal, a sempre elogiada organização do F. C. Porto às vezes também tropeça.
E agora está a tropeçar muito.