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Os vestígios pré-históricos e romanos, que têm vindo a ser encontrados de forma acidental e esporádica na actual freguesia de Santa Catarina, levaram a Junta a dar os primeiros passos no sentido de constituir um grupo de trabalho informal, que possa promover a adequada análise e valorização dos achados. As intenções, que agora se começam a materializar, visam, sobretudo "chamar a atenção das entidades oficiais para a importância dos vestígios", refere o autarca de Santa Catarina, António Ferreira, que sente que a localidade tem "sido esquecida". Para eternizar as descobertas, a Junta pretende criar um museu onde possa preservar os achados arqueológicos.
"Sinais" da ocupação do território desde o pré-histórico não faltam, diz o arqueólogo Pedro Neto, que integra o grupo. "São descobertas acidentais e esporádicas" e ainda não houve "qualquer trabalho sistemático de investigação", numa zona que aponta como "estratégica porque há a junção dos solos em areia, argilas, abundância de água e ser plana". "Se fizéssemos investigações a sério, em termos documentais, geológicos e escavações arqueológicas, encontraríamos estruturas e muito espólio. Os vestígios encontrados foram todos à superfície", diz o jovem.
O vestígio mais antigo (com cerca de 3000 anos) e, porventura, mais notório, é uma enxó ou machado em pedra, que, apesar de ter sido apenas "observada a olho nu e não analisada", deverá pertencer ao "final da Idade do Bronze do período pré-histórico", refere o arqueólogo. A pedra foi encontrada há cerca de 12 anos por um casal de agricultores. A enxó, não polida, "aparece geralmente em dolmens ou antas", explica Pedro Neto. Enquanto não encontra lugar num museu ou outro local conveniente, a pedra está entregue a um fiel depositário da região.
Outros vestígios da mesma época são os núcleos de sílex em bruto, que "eram usados para fazer as pontas das lanças na pré-história e que tiveram de ser trazidos porque não existem de forma natural na área".
O período romano aparece de forma abundante, com a presença de cerâmicas e na organização do centro da freguesia (ver caixa). Finalmente, a importância e antiguidade da área são realçadas novamente no período medieval e moderno.