Vinte obras, entre pintura e desenho, constituem a exposição "Percursos", de António Carmo, que é inaugurada hoje, pelas 18.30 horas, na Galeria do Jornal de Notícias, no Porto.
Corpo do artigo
Trata-se de um conjunto de trabalhos que contemplam as séries que o pintor concebeu nos últimos dez anos e que constaram de várias exposições, quer em Portugal quer no estrangeiro. Definindo-se como pintor neofigurativo, o artista privilegia a construção da forma e da cor, preferindo a concepção de pinturas de grandes dimensões, optando, em alguns casos, pela execução de murais, designadamente em Saint Gil, em Bruxelas, Bélgica.
O que é, afinal, "Percursos"?
É o resultado de dez anos de trabalho, depois de ter seleccionado o que entendi ser mais significativo. Esta mostra contempla as séries "Destinos do fado", "Navegando sobre os ateliês da memória", "Seduções" e "Homenagem ao Alentejo".
Poder-se-á dizer que são as séries mais importantes da sua carreira?
Mais importantes, não sei, mas são as mais recentes e não há dúvida de que, dessas, escolhi o que considero ser o mais significativo do meu percurso, daí o nome da exposição. Pretendo proporcionar uma panorâmica sobre o meu trabalho recente. Quis, através das questões do quotidiano, do dia-a- -dia, e usando uma linguagem poética, procurar, com a cor e com a forma, imprimir uma certa universalidade aos temas.
A sua pintura conta histórias...
Sim, a minha pintura narra histórias inventadas por mim, sempre com a tónica do romantismo e da poesia.
Considera-a romântica?
A minha pintura é neofigurativa, de expressão poética. A mim, o que me interessa, mais do que o tema, é a construção da cor e da forma. No acto da pintura, o que, na verdade, considero mais importante, talvez até o fundamental, é a criação da cor e da forma.
Quais são os pintores com quem sente mais afinidades?
Neste caso, das séries que agora apresento, creio que me baseei, em parte, em Fernand Léger e Marc Chagall; estes são dois pintores em que encontro referências significativas.
Que projectos tem em mãos?
Estou a preparar uma exposição para a Biblioteca de Chaves, em Oubtubro, e outra, já para 2011, em Bruxelas. Esta mostra vai-se chamar "Pelas pautas da memória" e será uma espécie de homenagem aos grandes compositores. Também tenho uma outra exposição prevista para o próximo ano, concretamente para o Instituto Camões, no Luxemburgo.
Como encara a arte que se vai produzindo em Portugal?
Apesar da crise, que, naturalmente, afecta a arte, julgo que, de uma maneira geral, a arte que se vai produzindo em Portugal está no bom caminho. Viajo bastante e trabalho para diversas galerias no estrangeiro e, portanto, pelo que vejo, posso dizer que em Portugal há tão bons ou melhores artistas do que lá fora. Agora, também é verdade que a pintura portuguesa ainda é pouco conhecida no exterior e que os artistas nacionais necessitam de se impor mais. Apenas isso.