"A vingança do Conde Skarbek" é uma nova banda desenhada que se inspira no grande romance "O Conde de Monte Cristo".
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Estou certo de que, se questionados sobre a mais famosa história de vingança que conhecem, a maior parte dos leitores evocaria "O Conde de Monte Cristo", de Alexandre Dumas, e confesso que foi esse romance que me veio à cabeça quando comecei a leitura de "A vingança do Conde Skarbek", recém-editado pela Arte de Autor.
Talvez por isso - pelo perigo dessa aproximação - o argumentista Yves Sente, de forma inteligente e com humor, optou por piscar o olho à obra de Dumas, apontando no decorrer do relato a sua própria história como a base da inspiração do romancista francês. Mas, diga-se desde já que, para além de protagonizadas por (falsos) condes, e do móbil da vingança, pouco mais há em comum entre os dois relatos.
A decorrer em meados do século XIX, quando Dumas escrevia o seu celebrado romance, "A vingança do Conde Skarbek" é a história de um pintor, Louis Paulus, da sua musa, a bela e sensual ruiva Magdaléne, e da trama que aquele orquestrou contra os que contribuíram para a sua ruína e desgraça, regressando dos mortos para se vingar do patrono que o enganou e dos seus cúmplices apostados em enriquecer rapidamente à sua custa.
A nota distintiva desta banda desenhada, com um arrebatado pendor de romance de aventuras clássico, é a forma como Sente, também escritor de episódios de "XIII", "Thorgal" ou "Blake e Mortimer", urdiu uma intriga envolvente e retorcida, que surpreende e cativa o leitor que, uma vez aprisionado pelo relato, se deixa levar para descobrir, uma e outra vez, como as traições se sucedem e o próprio narrador foi capaz de o enganar sucessivamente, alterando o que aos seus olhos parecia evidente e imutável.
Dividida entre longas sessões em tribunal, uns quantos momentos de ação que incluem pirataria e tórridas sessões de pintura e sexo, "A vingança do Conde Starbek" corresponde à estreia do polaco Grzegorz Rosinski no uso da técnica de cor direta, ou seja, num desenho sem o habitual traço negro para definir limites e contornos, ficando essa função a cargo das próprias cores, o que para além da beleza estética daí resultante, faz todo o sentido numa história que mergulha nos meandros da inspiração e da pintura e tem a valorização subjetiva dos quadros como móbil