Pavilhão Rosa Mota e Campo Pequeno são os locais escolhidos para experiências decisivas no regresso dos festivais de verão.
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A Direção-Geral da Saúde (DGS) deu o aval à realização de eventos-piloto para definir se, e em que moldes, há festivais de verão este ano em Portugal. A aprovação foi dada na última reunião do grupo de trabalho que junta promotores de espetáculos, Governo e DGS.
Na próxima reunião deste grupo, a 4 de março, o formato dos eventos-piloto será desenhado com maior pormenor. No entanto, o JN sabe que a DGS deu luz verde à experiência com base num esboço pormenorizado, feito pela Associação de Promotores de Espectáculos, Festivais e Eventos (APEFE) e pela Associação Portuguesa de Festivais de Música (APORFEST).
O documento apresenta argumentos para a reabertura do setor (ler ficha) e prevê que os eventos-piloto se realizem no Pavilhão Rosa Mota, no Porto, e no Campo Pequeno, em Lisboa. Ou seja, em ambiente indoor (Porto) e outdoor (Lisboa). A ideia é que os participantes façam um teste rápido à covid-19 até 72 horas antes do evento, repitam o teste à entrada para o recinto e, passados 14 dias, respondam a um questionário e façam de novo o teste. O uso de máscara é obrigatório.
O objetivo é aferir se os festivais de verão de 2021 se podem realizar num formato de bolha em que só entra quem está vacinado, testou negativo nas últimas 72 horas, ou quem se submeta a um teste rápido à entrada. Os promotores estimam que o prazo máximo de espera para comprar bilhete, fazer um teste antigénio (saliva) e esperar pelo resultado seja inferior a 20 minutos.
À espera do Governo
A data dos eventos-piloto não está definida, mas já é certo que a DGS não aceita que se realizem antes de terminar o confinamento geral. Assim, na melhor das hipóteses, os eventos-piloto serão feitos em abril e as conclusões nunca chegam antes de maio. Este prazo pode comprometer a realização dos primeiros festivais. Todos estão a trabalhar no pressuposto de que se vão realizar nas datas marcadas, mas o tempo escasseia.
Roberta Medina, organizadora do Rock in Rio, adianta ao JN que é "muito importante que esses testes sejam feitos", mas a decisão tem de ser tomada antes: "Estamos à espera de um parecer, por parte do Governo, para que a gente possa tomar uma decisão até 15 de março, que é o nosso deadline para começar a montagem".
Entre os maiores festivais do país, o primeiro a acontecer é o North Music Festival (20 a 22 de maio). O organizador Jorge Veloso também afirma estar "à espera que o Governo decida se, e em que condições, se vão poder realizar festivais".
José Barreiro, organizador do NOS Primavera Sound Porto (10 a 12 de junho) acrescenta que os eventos-piloto "poderão ter algum efeito nos festivais a partir de julho e agosto", mas antes disso "é completamente impossível estarmos à espera do resultado desses estudos".
A pandemia
Impacto económico
Segundo os promotores, que fizeram as contas com valores do Banco de Portugal, o impacto económico do setor dos eventos e festivais no PIB português foi, em 2018, superior a 1,2 mil milhões de euros.
Testagem massiva
A realização de espetáculos é uma oportunidade para a testagem massiva de uma faixa etária que, por ser jovem, é menos submetida a análises e que, na sua maioria, se apresenta assintomática
Manter empregos
Existem dezenas de milhares de pessoas sem trabalho com a suspensão dos espetáculos, desde agentes, artistas, técnicos, produtores, empresas de aluguer de equipamentos, promotoras e salas de espetáculos.