Esta semana dá-se um estranho fenómeno no circuito de exibição cinematográfica, com uma concentração de filmes caninos. "Dartacão" é uma criação espanhola, uma reativação da série televisiva dos anos 1980. A este junta-se a partir de hoje "Patrulha Pata: o filme", obra americana e canadiana.
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Quase que podíamos dizer que há uma disputa geracional entre os cães dos pais e dos filhos. "Dartacão e os moscãoteiros" pelos primeiros, "Patrulha Pata" pelos segundos. "Dartacão" é uma adaptação de Claudio Biern Boyd da novela de Alexandre Dumas. A série televisiva em que estes cães antropomórficos representam os mosqueteiros foi exibida em uma centena de países e em mais de 300 cadeias de televisão. Na versão em filme de 2021, os cães passaram de 2D para 3D, numa piscadela de olho, às novas técnicas.
A "Patrulha Pata" só nasceu em 2013, pela mão de Keith Chapman, e foi transmitida originalmente na TV Ontario, no Canadá. O guião é simples: Ryder um menino de dez anos, toma conta de seis cachorros, cada um com a sua especialidade em salvamento, zelando pela Baía da Aventura, onde vivem. A revista "Bloomberg" escreveu que a série, só em merchandising, já rendeu 7 mil milhões de dólares (aproximadamente 6 mil milhões de euros). Na versão original do filme, a produção escolheu estrelas como Kim Kardashian e Dax Shepard para fazerem as vozes. Manuel Marques, Sofia Arruda e António Machado são algumas das vozes escolhidas para a versão lusa.
Em Portugal, "Dartacão" foi dobrado por vozes igualmente conhecidas, como Vasco Palmeirim, que trata do protagonista, e Nuno Markl, que dá a voz ao rato Pom.
Os felinos do mal
A sinopse dos filmes é semelhante: grupos de cães falantes lutam contra o mal e asseguram que a paz é mantida nas cidades onde vivem. Se Milady e o Cardeal Richelieu, uma gata e uma raposa dos pampas, encarnam o mal em "Dartacão", em "Patrulha Pata" o vilão é um presidente da Câmara de nome Humdinger, que também conta com uma equipa felina para o assessorar nas maldades.
As semelhanças também se estendem às personagens femininas: Julieta, uma cadela vestida de rosa, poderia bem ser uma antepassada de Skye, a pequena cadela também vestida de rosa, única fêmea da Patrulha. Mas a segunda não tem os ímpetos amorosos da primeira - já diz a música: "O amor da Julieta é o Dartacão e ela é a predileta do seu coração". Este casal de quatro patas quase consegue rivalizar com outros dois inconfundíveis da história da animação: "A dama e o vagabundo" e Perdita e Pongo dos "101 dálmatas", ambos criações Walt Disney.
Famosos cães de animação
Há outros cães de animação que se tornaram famosos também na grande tela. É o caso de Snoopy: o melhor amigo de Charlie Brown apareceu no cinema pela última vez em 2015, com "The Peanuts movie", obra em 3D baseada na banda desenhada de Charles M. Schulz.
Outro êxito no grande ecrã que partiu das páginas de banda desenhada é Pluto, que desde 1930 figurou em dezenas de filmes. Trinta anos mais novo é Scooby-Doo - "Scooby! O filme", de 2020, é uma história sobre a origem do famoso elenco da série de Hanna Barbera. Salsicha e Scooby, mais a parelha de jovens detetives Fred e Daphne, formam a Mistério SA. Só que, após resolver centenas de casos, eles deparam-se com o desafio de impedir o "apocãolipse", que virá quando o fantasma do cão Cerberus for libertado no mundo.
"Bolt", de 2008, é também uma importante animação. Bolt é um cão que protagoniza uma série de TV, na qual possui superpoderes. Só que o bicho não sabe que o mundo que o rodeia é falso, acreditando que realmente possui dons especiais.
O génio de Tim Burton também não ficou imune ao amor canino e em 2012 criou "Frankenweenie", um cão-monstro criado a partir de Sparky, um cão que morreu atropelado.
Em papéis secundários acha-se Oddie, o antagonista de Garfield. E é impossível esquecer a risada emblemática de Mutley em "A corrida mais louca do Mundo".