Single "Djadja" leva 325 milhões de visualizações no Youtube. Álbum "Nakamura" chegou em fevereiro a Portugal
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Tem 23 anos, dois álbuns e um hit com números estrondosos. "Djadja" ultrapassou os 326 milhões de visualizações no Youtube e fez de Aya Nakamura a rainha do streaming em França, no ano passado.
O tema que tão bem encapsula a música da jovem - um afropop assertivo e adocicado, com jinga no esqueleto e vernáculo no coração - não se limitou a dominar festas e rádios.
No outono quente que incendiou Paris, a canção saltou para as ruas para servir de mote numa marcha feminista. "Djadja" (ou "mentiroso") é música confrontacional para expor um fanfarrão que reclama falsas conquistas sexuais.
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O fanfarrão existiu mesmo, mas fazer um hino não passou pela cabeça de Aya. "Quando entro no estúdio, digo o que sinto. Não tenho planos preconcebidos ou uma agenda. Esta é a minha personalidade desde sempre", vinca numa entrevista por escrito ao JN. "Que tantas mulheres se tenham identificado com a música foi esmagador, mas incrível", rematou a artista.
Nascida Aya Dianoko, no Mali, foi com a família para Paris no primeiro ano de vida. Não foge às origens, mas garante que os subúrbios da capital francesa, onde cresceu, influenciaram mais a música que faz. Oumou Sangaré, Aretha Franklin ou Beyoncé inspiram-na: "Mulheres 100% seguras em relação a si próprias".
Sobre se a sua música reflete a expectativa que sobre ela possam colocar jovens francesas de origem africana, Aya volta a rejeitar rótulos, sem enjeitar um papel: "Sou uma cantora e devo ser considerada unicamente uma artista, independentemente da cor. Dito isto, teria adorado como criança ver mulheres negras bem sucedidas na indústria musical francesa. Nós não tivemos isso", diz.
Esta primavera arranca a primeira grande digressão nacional da artista com "Nakamura", segundo álbum de originais de que "Djadja" foi o primeiro single. O disco saiu em novembro e chegou em fevereiro a Portugal, onde ainda não há concertos em perspetiva.