
"Hallelujah: Leonard Cohen, a journey, a song", de Daniel Geller e Dayna Golfine
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O Porto/Post/Doc regressa para a sua nona edição entre os dias 16 e 26 de novembro, com um total de quatro competições, dois ciclos temáticos e mais de 12 secções, que contarão com 115 filmes e ínumeras atividades.
O festival Porto/Post/Doc apresenta, durante 11 dias, um programa de cinema e de atividades, que passará pelo Cinema Passos Manuel, nas duas salas do Cinema da Trindade, Maus Hábitos, Casa Comum da Reitoria, Café Ceuta, Planetário do Porto e Auditório Ilídio Pinto.
O diretor do Porto/Post/Doc, Dario Oliveira, confessa que "este ano, o festival tem cacrateristicas muito especiais, que nos faz acreditar que é um recomeço".
"É uma edição em que jogamos todas as cartas", assume, ainda inseguro sobre o que realmente acontecerá.
A versão Online, que marcou as últimas edições do festival, deixa de existir, considerando que o principal objetivo da organização passa por "querer que as pessoas troquem o sofá pandémico pelas salas", revela Dario Oliveira.
Todas as atividades são assim abertas ao público, com bilhetes a cinco euros por sessão. Os mesmos são sujeitos a descontos para estudantes, maiores de 65 anos ou detentores do Tripas e Cartão Porto. O passe do festival custa 50 euros, também sujeito a desconto de 50% para os sujeitos supramencionados.
A estrear o início do festival, a 16 de novembro, será exibido o filme "Hallelujah: Leonard Cohen, a journey, a song", de Daniel Geller e Dayna Golfine. "Gira à volta de uma figura extremamente universal, Leonard Cohen, focando-se numa das músicas mais conhecidas, Hallelujah e no seu percurso artístico e musical", explica Dário, durante a conferência de Imprensa.
Integra a competição Transmission do festival, dedicada a documentários sobre música e movimentos culturais. É uma estreia nacional, que ainda não sairá nas plataformas digitais, atraindo assim o público a deslocar-se ao Coliseu do Porto -"maior ecrã da invicta", diz o diretor - às 22 horas. Os bilhetes já estão à venda.
Quatro competições
Para além de Transmisssion, há mais três competições. A Internacional, a principal do festival, integra oito longas-metragens, que se enquadram no registo documental e de ficção. Sete deles serão de estreia nacional e um de estreia mundial - Um filme suiço, "The Curse", de Maria Kaut Bedi e Satindar Singh Bedi.
A seleção integra ainda filmes da Áustria, Suécia, França, Ucránia, Lituânia, e Argentina.
Na apresentação foi também destacada a Competição Cinema Falado. Dedicada à produção de língua portuguesa, pretende divulgar o idioma em "toda a sua diversidade".
São um total de 12 filmes oriundos do Brasil, Angola, outros países de expressão portuguesa e de Portugal. "Nossa Senhora da Loja do Chinês", de Ery Claver, ou "Maputo, Nakuzanza", Ariadine Zampaulo, são dois do filmes que participam nesta competição.
Por fim, a competição Cinema Novo, expõe 12 trabalhos de jovens artistas, em que muitos estarão a fazer o seu primeiro filme, "sendo oriundos de escolas de cinema", refere Dario Oliveira. Para além destes filmes, irão existir uma série de atividades complementares, como aulas de cinema, conversas com júris, seminários, masterclasses, sendo estas dirigidas aos jovens artistas. Labceuta é o nome do laboratório de cinema que propõe estas atividades, que irão acontecer no emblemático café Ceuta.
Dois ciclos temáticos
"Nós a revolução", é novo ciclo temático do Porto/Post/Doc, dedicado ao cinema húngaro dos anos 60. São seis filmes "arrebatadores" de Márta Mészáros e Miklós Jancsó, que abordam as questões das mulheres desta década e as questões históricas da invasão do território. Dario Oliveira explica que "são filmes que nos fazem pensar que aquilo que hoje está acontecer como terrorismo, invasões, guerras, já aconteceu e os protoganistas são sempre os mesmos". Olhando para o contexto atual, o diretor acrescenta: "Quando pensei neste programa, não sabíamos que estaríamos com uma guerra aqui ao lado".
Já o ciclo "Tradução Trans-temporal" esteve presente nas edições anteriores. Traz este ano uma jovem cineasta internacional, Sierra Pettengril, sendo exibidos os seus filmes. Abordam a violência de estado nos EUA e dos mecanismos da política "feita para a televisão" de Ronald Reagan. Compostos inteiramente com imagens de arquivo, filmadas por militares dos Estados Unidos ou exibidos em televisão aberta. "São filmes cheios de informação, mas com muito humor e originalidade", revela Dário Oliveira.
A neurodiversidade
Todos os anos, o Porto/Post/Doc aposta num tema para apresentação cinematográfica. Este ano, é a neurodiversidade, uma "condição sociológica", que olha para variações genéticas como "características que devem ser respeitadas como qualquer outra diferença", explica o dossiê da conferência de imprensa do festival. Pretende-se a inclusão de todas as pessoas, incluindo autistas, bipolares, disléxicas, com síndrome de Down, entre outras diferenças neurológicas.
Dario Oliveira refere que é "um tema da saúde mental que nos preocupa e tem provocado alguma reação, procurando trazer a público esta questão tão importante".
Irão ser partilhadas cinco histórias, em filmes, de "como viver, ultrapassar ou ser consumida pela doença". Em complemento, são propostas conversas, no cinema Trindade, com especialistas na área, cineastas dos filmes apresentados, familiares de pessoas neurodiversas, artistas neurodiversos, entre outros. A organização pretende que o publico participe ativamente.
Um secção especial neste festival, que conta com a mostra Europa 61, uma ideia desenvolvida pela Eunic Portugal (institutos nacionais de Cultura da União Europeia), que pretendia investir no cinema. O curador da mostra, Carlos Nogueira, revela que já vão na terceira edição e veem no Porto/Post/Doc um parceiro local.
Estão pela primeira vez num festival de cinema e trazem ao porto 12 filmes, um de cada país europeu que quis participar. "Este ano temos a melhor seleção de sempre", confessa Carlos Nogueira.
Serão apresentadas quatro novas obras com realizadores estreantes, duas obras de realizadores que já participaram na Europa 61 (Jonas Trueba e Dónal Foreman), três documentários e um filme de animação austríaco para um público adulto. "São todos filmes inéditos em Portugal", acrescenta o curador.
Mais de 12 secções diferentes
Um programa vasto, que conta com mais de 12 secções, desde o Cinefiesta que integra o festival desde a primeira edição e que recai sobre o cinema espanhol; New Talents, que se foca em novos autores suíços.
Os mais novos também não serão esquecidos, sendo desenvolvido o projeto School Trip, que irá contar com sessões de cinema e atividades, esperando a partciipação de várias escolas. Um dos destaques é o ateliê familiar "Microcosmos: O Povo da Erva", de Claude Nuridsany e Marie Pérennou, que irá ocorrer dia 26 de novembro, às 15 horas, na Casa Comum da Reitoria da Universidade do Porto.
Também haverá sessões especiais de cinema, entre elas está o filme da década de 60 "Máscaras" de Noémia Delgado - Uma das primeiras cineastas a afirmar-se no cinema português.
Expectativas
"Não temos expectativas de público", confessa o diretor do Porto/Post/Doc, assumindo que deverão ter uma atitude humilde e considerar o contexto pós-pandemia. Em edições anteriores, o festival chegou a receber cerca de 20 mil espetadores, pelo que o direitor admite que, se conseguirem a esse número este ano, "já era uma grande felicidade".
O programa não integra só cinema, mas também outras atividades já referidas, algo que Dário Oliveira confessa ser para chamar público, que gosta tanto de cinema como de música, literatura e discussão de temas importantes na sociedade. "O público poder interpretar os filmes é algo de fantástico", acrescenta, pretendendo fazer algo parecido que os cineclubes de antigamente.
Já quanto à aposta nos jovens, considera que é "uma geração que está mais tempo a ver imagens do que a ler". Dario Oliveira ainda vai mais longe: "Um plano de cinema não é uma prioridade nas escolas e deveria ser".
