
Espetáculo conta com dez solos, dez criadores e dez bailarinos
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Depois da estreia em abril, o projeto que inclui bailarinos que são portadores de deficiência mostra-se novamente esta sexta, no Palácio Nacional da Ajuda
Dez solos, dez criadores, dez intérpretes, com e sem deficiência. Solos Multiplicados é um espetáculo único de cruzamento entre a dança contemporânea e a dança inclusiva, onde cada dançarino assume, de forma igual, recíproca e partilhada, o papel de coreógrafo e de intérprete. Depois da estreia em abril, o projeto mostra-se novamente esta sexta-feira, no Palácio Nacional da Ajuda, ajudando a "desarrumar a ordem estabelecida nos circuitos de programação artística".
O conceito em Solos Multiplicados é um denominador comum: a construção de um corpo e de um palco mais plural e inclusivo do que nunca. O programa, com curadoria e coordenação artística do coreógrafo Rafael Alvarez, traz uma série de dez solos com coreografia e interpretação de Ariadne Uria, Daniela Reis, Diana Niepce, Diana Tomé, Cristina Tavares, Frederico Augusto, Inês Cardoso, Joana Martins, Mariana Rodrigues, Sofia Santos e Rafael Alvarez, apresentados sob a forma de espetáculo-instalação coreográfica, "numa multiplicação de corpos, sentidos, identidades e poéticas de movimento", explica a produção do evento.
Na prática, o projeto reúne um coletivo de artistas com e sem deficiência ou diversidade funcional, jovens criadores, finalistas e recém-licenciados da Escola Superior de Dança - bem como outros artistas convidados com percurso estabelecido na dança contemporânea, promovendo para alguns dos criadores envolvidos a oportunidade de direção e apresentação das suas primeiras obras coreográficas.
Ao JN, Rafael Alvarez, responsável pela Curadoria e Coordenação Artística da iniciativa, resume o espetáculo numa frase: "Dez corpos, dez ideias distintas, uma vontade comum: dar corpo a uma visão plural do mundo, sem barreiras e sem muros", defende. E revela, sobre a sua importância ao unir os mundos da dança contemporânea e inclusiva: o evento traz uma "visão inclusiva, e não exclusiva" de um corpo "que pensa, sente, traduz e transforma realidades encontra na dança contemporânea uma perspetiva democrática, aberta, plural para trabalhar a partir da diversidade humana", diz o responsável. "É neste encontro entre inclusão, acessibilidade e criação artística que nos interessa explorar a nossa dança e linguagem coreográfica", acrescenta.
Num projeto como este, os desafios específicos são principalmente ao nível de aspetos formais e curatoriais, de como organizar o material coreográfico de cada criador valorizando cada obra, adianta-nos. Isto, enquanto em simultâneo "propondo uma estrutura dramatúrgica coesa e aberta de sentidos e estéticas que possa despertar no público uma experiência estética e reflexiva", salienta ainda Alvarez.
O resultado formal, através do percurso coreográfico e da dimensão de instalação, um manifesto de uma multiplicação de corpos e mundos para um palco mais plural, "propõe aos espetadores exatamente este predicado: de livremente e autonomamente construir as suas próprias leituras e escolhas visuais", conclui.
O projeto co-produzido pela Bodybuilders, Rafael Alvarez e pela Plural_Companhia de Dança/Fundação LIGA em parceria com a Escola Superior de Dança, Carpintarias de São Lázaro, Palácio Nacional da Ajuda/Direcção-Geral do Património Cultural e ANACED, é co-financiado pelo Programa Arte sem Limites da Direcção-Geral das Artes/ Ministério da Cultura em parceria com a Acesso Cultura. Mostra-se esta sexta, 30 de setembro, pelas 19 horas no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa.
