A terceira edição do Transborda começa neste sábado, Dia Mundial da Dança, e leva até 14 de maio espetáculos, oficinas, performances e conversas a vários espaços da Margem Sul.
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A Mostra Internacional de Artes Performativas está de volta a Almada. Até 14 de maio, a 3ª edição da Transborda é dedicada à apresentação de propostas inovadoras de dança contemporânea, à partilha artística e à divulgação de trabalhos performativos, sobretudo aqueles movidos pelo desejo de experimentação e de exceder fronteiras.
Segundo explica Adriana Grechi, diretora artística d'A Transborda, ao JN, o evento foi sobretudo idealizado para "ampliar o acesso a um contexto internacional de artes performativas", trazendo a Almada e a Portugal artistas de diversos países que propõem questões sobre o mundo contemporâneo, e que se interessam pelo contacto e partilha com diferentes públicos.
"Nós entendemos que a continuidade do encontro artístico entre pessoas de diferentes culturas e condições sociais possibilita uma multiplicidade de olhares", bem como "uma maior democratização nas artes contemporâneas", adianta.
De acordo com a responsável, como a Transborda trouxe, nas suas duas primeiras edições, artistas já reconhecidos em circuitos internacionais, grande parte do público da mostra veio de Lisboa ou outros locais, sendo a expectativa da organização, agora na terceira edição, de ampliar também e cada vez mais o público local. "A Transborda é organizada pela Casa da Dança em Almada, que oferece durante todo o ano uma programação constante de oficinas, laboratórios, performances e partilhas de processo, desta forma, com continuidade", frisa; pelo que a cada ano "há uma aproximação maior com a população local".
Como pontos altos do evento, Grechi começa por destacar a inauguração, este sábado: o coreógrafo Marcelo Evelin abre a Transborda no Dia Mundial da Dança com "Ai, Ai, Ai", um trabalho histórico e inaugural da sua vasta obra. Na semana seguinte, o mesmo performer reúne 40 artistas e cidadãos locais na criação de "Batucada", concebido para a abertura do Kunstenfestivaldesarts de Bruxelas.
Também Vania Vaneau traz a Portugal seu mais recente espetáculo, "Nébula"; e o "O Susto é um Mundo" de Vera Mantero será apresentado no palco principal do Teatro Municipal Joaquim Benite.
Na Casa da Dança, Mariana Tengner, artista d´A Bela Associação, muito ativa em Almada, apresentará "Threshold", com o festival a apoiar também a estreia de um novo criador brasileiro, Francisco Cavalcanti, com duas peças.
Em relação à "Batucada", ponto forte da programação deste ano, ela será então realizada por Marcelo Evelin com um grupo de artistas de várias áreas como dança, teatro, música, moda, performance e também com cidadãos selecionados a partir de uma convocatória pública. A "Batucada" pretende "transbordar" fronteiras, ao reunir pessoas de diversos países e residentes em Portugal, explica a diretora: é "uma espécie de desfile apoteótico e revolucionário, onde os corpos se misturam e batucam panelas, frigideiras e latas na cadência de uma coreografia da qual o público também faz parte", salienta. Uma experiência "entre o protesto e a festa, uma intervenção político-alegórica que questiona vários tipos de demarcações, limites e fronteiras", conclui.
A Transborda nasceu da experiência de Adriana Grechi e de Amaury Cacciacarro, que realizaram 13 edições do Festival Contemporâneo de São Paulo, uma iniciativa focada em ocupar teatros e espaços públicos com encontros voltados para a democratização das artes performativas contemporâneas. Residentes em Almada desde 2018, ambos fundaram a Núcleo - associação cultural, criando depois o novo festival.
A terceira edição da Mostra Internacional de Artes Performativas de Almada acontece entre o Teatro Municipal Joaquim Benite, o Fórum Municipal Romeu Correia e a Casa da Dança - Ponto de Encontro. A programação completa pode ser encontrada em https://www.transborda.org/programa.
