O antigo primeiro-ministro José Sócrates começa esta quinta-feira a ser julgado, dez anos depois do início do processo que resultou da Operação Marquês. O ex-governante responde sobre a propriedade de 34 milhões de euros na Suíça em nome de Carlos Santos Silva.
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“O procurador geral não tem o direito de transformar a presunção de inocência em presunção de culpa”, afirmou José Sócrates à chegada ao tribunal, informando que levantou um incidente contra Amadeu Guerra. Tecendo várias críticas ao sistema judicial, José Sócrates apontou ainda à juíza do caso. "A senhora juíza quis este circo", criticou.
À chegada ao tribunal, José Sócrates afirmou que espera sair do tribunal "completamente ilibado de todas as acusações". Reiterando a ideia do "lapso de escrita", que referiu aquando da queixa apresentada contra o Estado português ao Tribunal Europeu dos direitos do Homem, o antigo líder socialista afirmou que esse "lapso" o obriga esta quarta-feira a voltar a tribunal para "responder às mesmas questões de há quatro anos", alegando que existe um "estratagema", uma "manigância" a envolver este processo.
O arranque da sessão está marcado para as 9.30 horas e, desde as 8 horas da manhã, há dezenas de jornalistas à porta do Juízo Central Criminal de Lisboa, no Campus da Justiça. Há ainda no local um toldo montado para as emissões especiais das televisões.
Bom dia, começa hoje o julgamento de José Sócrates.
"Ninguém gasta milhões que não lhe pertençam”. A afirmação é dos juízes do Tribunal da Relação de Lisboa que mandaram o ex-primeiro-ministro, José Sócrates, o seu amigo e empresário Carlos Santos Silva e outros 20 arguidos ser julgados por corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal. Ao todo, o empresário terá feito chegar cerca de oito milhões de euros, entre 2010 e 2014, à esfera de Sócrates, que declarou à Justiça terem sido empréstimos cedidos a um “pobre provinciano que andou na política durante uns anos” pelo amigo de infância, um homem “de posses”. No julgamento que arranca hoje no Tribunal de Lisboa, Sócrates vai ser confrontado com os indícios reunidos pela investigação da Operação Marquês, que detetou três remessas de dinheiro que lhe foram entregues quando ainda liderava o Governo.