Apesar de o setor da Educação continuar a merecer um tangencial 10 (mais precisamente 9,7) do Barómetro JN, a opinião dos seus membros é quase unânime em considerar que o ministro caiu - como quase todos os antecessores - na tentação de deixar um "cunho" na Escola.
Em consequência, as coisas não só se tornaram mais caóticas pelas mudanças apressadas como, ainda por cima, estão a dar mau resultado. Num Governo que desvaloriza uma parte do resultado final da aprendizagem - a Cultura -, parece valer uma espécie de justicialismo de "exigência" feito de ideias compradas num mundo que não existe. Os exames de Português e Matemática, por exemplo, são um caos desde o Básico ao 12º ano. Os resultados estão certos? Para quem? Alunos e professores estão a pagar com dor um novo paradigma que ninguém sabe onde vai levar.
[perguntas]
[1] Ao fim de dois anos de Governo, algo mudou na Educação ou na Cultura?
[2] Que personalidade ou medida destaca a nível nacional ou internacional?
[respostas]
Albino Almeida, conselheiro nacional de Educação
[1] Como começa a ser claro, e os próprios resultados dos exames em todos os ciclos o apontam, todas as mudanças na educação foram para pior, ou não fossem ditadas exclusivamente pelas prioridades definidas pelo Ministério das Finanças.
[2] Destaco uma entidade nacional que tem vindo a desenvolver um Excelente trabalho de Inclusão Social na Educação de alunos com variadas dificuldades escolares - o programa Empresários Pela Inclusão Social (EPIS).
Braga da Cruz, presidente da Fundação de Serralves
[1] O maior problema da Política de Cultura é o seu reduzidíssimo orçamento, comparado com outros orçamentos sectoriais. Bastaria uma pequena redução no da Educação, para fazer uma revolução cultural em Portugal. Para quando essa coragem política?
[2] O 5.º Festival das Artes de Coimbra. Numa cidade universitária, com baixa oferta cultural, é um excelente exemplo de perseverança e de bom gusto por mérito dos seus promotores (Quinta das Lágrimas).
Luís Rebelo, representante dos estudantes do Ens. Sup. Universitário no Conselho Nacional de Educação
[1] Houve demasiadas mudanças avulsas de cariz organizacional, mas poucas mudanças planeadas e orientadas para melhorar os resultados educativos e o dia-a-dia das escolas. Falta reformar verdadeiramente a educação para o século XXI.
[2] A rigidez instalada no sistema educativo (e quem o inquina), que ao fim de dezenas de ministros, e mesmo contra estudantes, pais, docentes e escolas, resiste e impede à reforma necessária.
Joaquim Azevedo, presidente do Centro Regional do Porto da Universidade Católica
[1] Mudou muita coisa na Educação, mais do que aquilo que deveria mudar. Sempre defendi, e mantenho, que o mais importante na ação do MEC é apoiar as escolas e as suas direções na conceção e execução dos planos de melhoria gradual. Se pudéssemos contar com vinte anos seguidos de melhoria contínua dos processos e dos resultados, escola a escola, como já contámos com 40 de mudanças permanentes na política de educação, que belo caminho percorreríamos!
[2] Nelson Mandela: pela ousadia, pelo caráter, pelo culto da temperança, pela persistência, pelo fundo amor à liberdade.
Marques dos Santos, reitor da Universidade do Porto
[1] Muito está a mudar na Educação! Basta atentar a agitação que vai no setor! Muita mudança parece dever-se ao desejo de alterar rapidamente o que vinha de trás, sem debate, reflexão e avaliação que a sustentem! Teme-se pelos resultados caso não se altere a atitude do ministério.
[2] Papa Francisco pelo exemplo que nos dá de conduta humana, de preocupação pelos desfavorecidos e apelo à construção de sociedades mais Justas - com muito maior equilíbrio na distribuição da riqueza!
Rui Reis, investigador e professor catedrático da Universidade do Minho
[1] Nada de relevante mudou no sentido positivo na educação. A Cultura é algo que para este governo não merece qualquer atenção.
[2] O professor anónimo, por nestas condições continuar a desempenhar (em muitos casos com bastante dedicação) as suas funções e a educar os seus alunos.
Rui Teixeira, presidente do Instituto Politécnico de Viana
[1] A Educação alindou-se, apenas, ao gosto dos atuais servidores do reino: em nome do rigor, mais uns exames; em nome da racionalização, o esvaziar do Estado em alma e missão. A mudança implicaria poupar a Educação ao bafio da chicana política e teria de ser cozinhado um pacto de regime num caldo de concertação e compromisso. Não temos, no terreno, atores para este filme.
[2] Mandela: a prova da grandeza do Homem e das suas causas!Não-medida: esta Europa que não encontra o caminho!
