Presidente de associação da Maia terá usado dinheiro para pagar dívidas e gastos pessoais. Ficou suspenso de funções.
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O presidente da Direção da Associação de Solidariedade Social “O Amanhã da Criança”, na Maia, foi detido pela Polícia Judiciária do Porto por suspeitas de ter desviado cerca de meio milhão de euros, desde 2016. Terá gasto o dinheiro para pagar dívidas e despesas pessoais.
De acordo com informações recolhidas pelo JN, o dirigente, José Manuel dos Santos Correia, de 74 anos, concentrava na sua pessoa todos os processos de aquisições de bens e serviços da associação, que gere uma creche, jardim de infância, centro de dia, residência sénior e apoio domiciliário.
Ao mesmo tempo que controlava as compras da associação, o presidente também seria o dirigente que acompanhava os pagamentos das despesas.
“O modus operandi consistia na apropriação indevida de fundos, mediante sobrefaturação de fornecimento de serviços com fornecedores da associação, bem como na aquisição de bens para usufruto pessoal com recursos financeiros da instituição, através de circulação financeira entre as contas bancárias tituladas por aquela e outras tituladas por empresas terceiras na esfera de domínio do dirigente”, adiantou a PJ do Porto.
Orçamentos manipulados
Ao ter controlo ou ascendente sobre empresas fornecedoras da instituição, com estatuto de utilidade pública, José Manuel Correia conseguiria manipular o preço dos orçamentos, mas também os valores a pagar.
Embora o presidente da Associação “O Amanhã da Criança” seja o único arguido constituído neste inquérito titulado pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) da Maia, existem suspeitas que recaem sobre alguns fornecedores. Poderão ter auxiliado o dirigente a empolar faturas.
Para efetuar outros desvios, o dirigente também é suspeito de ter aproveitado o facto de a associação estar a passar por graves dificuldades financeiras e de tesouraria. Adiantaria dinheiro para pagar alguns bens que lhes eram reembolsados mais tarde. Existem dúvidas sobre alguns desses adiantamentos contabilísticos que a investigação irá agora passar a pente fino.
“Foram efetuadas nove buscas domiciliárias e sete buscas não domiciliárias, com participação de inspetores e peritos das áreas financeira e informática, no decurso das quais foram apreendidos elementos probatórios relevantes em suporte físico, digital e contabilístico”, adiantou a PJ.
Ouvido ontem no Tribunal da Maia, o arguido ficou proibido de exercer funções, bem como de contactar diretores e funcionários. Também teve de entregar o passaporte e terá de se apresentar periodicamente às autoridades.