
Primeira etapa da iniciativa “A floresta não é um cinzeiro”, uma parceria entre Tabaqueira, JN, DN e TSF, arranca no concelho de Tondela a 2 de setembro. Do lixo recolhido nascerá uma obra de arte.
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É preciso galgar quase três centenas de degraus para atingir o ponto mais alto da serra do Caramulo. O esforço vale bem a pena. Ali, no miradouro do Caramulinho, a 1076,75 metros de altitude, a vista espraia-se por uma planície que se estende ao longo de 70 quilómetros. Ao longe, se a nebulosidade não atrapalhar, espreita-se a ria de Aveiro e avista-se a serra da Estrela. É mágica e imperdível, esta montanha.
Ar mais puro talvez não exista, nas redondezas e para lá delas. É dele que se alimentam as pessoas dos lugares e lugarejos que, vistas lá de cima, ajeitam a terra a meio de uma manhã tórrida que a brisa típica das alturas ameniza. Foi ele, o ar puro que nos lava os pulmões, o elemento fundador da vila, nascida e crescida com o amparo das estâncias sanatoriais imaginadas e criadas, na segunda década do século passado, pelo médico Jerónimo de Lacerda. No ponto mais alto do combate à tuberculose, o Caramulo chegou a ter 20 sanatórios e três mil pessoas, que procuravam os ares da serra para curarem maleitas várias, a começar pela tuberculose.
É nesta localidade do concelho de Tondela que, a 2 de setembro, arranca a iniciativa “A floresta não é um cinzeiro”. Trata-se da primeira etapa de um projeto do Jornal de Notícias, do Diário de Notícias e da TSF que, com o apoio da Tabaqueira, visa envolver os cidadãos na preservação da floresta, que cobre 36% do território nacional.
No ponto mais alto do combate à tuberculose, o Caramulo chegou a ter 20 sanatórios e três mil pessoas, que procuravam os ares da serra para curarem maleitas várias, a começar pela tuberculose.
A lição dos incêndios…
A serra do Caramulo, ponto de transição entre a Beira Alta e a Beira Litoral, que toca em seis concelhos (Tondela, Vouzela, Oliveira de Frades, Mortágua, todos do distrito de Viseu, e Anadia e Águeda, ambos do distrito de Aveiro), conhece de cor a necessidade de com ela ter todos os cuidados. Em 1986, entre civis e bombeiros, o fogo matou ali 16 pessoas. Em 2013, um incêndio que lavrou dez dias seguidos destruiu 10 mil hectares de floresta e levou a vida de quatro bombeiros. E no terrível ano de 2017 a serra também não escapou incólume à força destruidora das labaredas.
Há, na verdade, razões de monta para preservar a serra feita de xisto e granito que empresta o nome a uma das mais famosas águas de Portugal – as águas Caramulo. Em torno da montanha há uma mão cheia de praias fluviais para desfrutar. Há outra mão cheia de cascatas e poços naturais para admirar e afugentar o calor. Há duas mãos cheias de rios. Há uma dezena de rotas pedestres (a mais pequena tem cinco quilómetros e a maior 30), para nos embrenharmos no território e descobrir a fauna e a flora da serra. Há a maior concentração de loendros (arbusto que, a troco de poucos cuidados, oferece uma floração rica e abundante desde o final da primavera até meados do outono) da Europa para ver. Há um tipo de narcisos que apenas se dão no Caramulo. Há cabrito do bom para provar. E há um mel incrível para testar e levar.
… e os desafios
Mas há também desafios de curto prazo a considerar. Luís Costa, presidente da CEISCaramulo, associação que se dedica ao estudo e valorização dos vários domínios e interesses da serra (ambiental, geográfico, biológico, geológico, histórico, etnográfico e gastronómico, entre outros), sem perder de vista o potencial económico e de promoção da região, luta, desde 2013, pelo “conhecimento e valorização da serra”. “Temos que conhecer e gostar do que é nosso, para o podermos preservar”, assinala o professor de Biologia. Motivo pelo qual a associação tem apostado forte na formação de docentes, de modo que estes possam usar o Caramulo com recurso didático nas aulas que lecionam. Exemplo: “Nas aulas de Matemática, os professores podem usar os rios da serra para ensinarem os alunos a medir caudais”. Passando conhecimento entre gerações, será mais fácil, acredita o responsável, “incentivar as pessoas a lutarem pelo que é seu, de modo a valorizarmos o Caramulo em conjunto, evitando que cada um olhe apenas para o seu quintal”.
João Lacerda, um dos diretores do Museu do Caramulo, arrisca mais: “O Caramulo é um paraíso ainda por descobrir. É verdade que há uma série de empreendimentos e negócios, como o mel, a avançar, mas falta fazer muito caminho”. O Museu, posto de guarda de uma incrível coleção de carros antigos, velha paixão da família Lacerda, e de uma não menos incrível coleção de obras de arte (todas doadas), tem feito a sua parte: “Temos 30 mil entradas pagas por ano e, nalguns fins de semanas, chegamos a ter mil visitas”.
A serra do Caramulo é uma arca recheada de tesouros. Basta ir à sua descoberta. E cuidar dela.
A primeira ação acontece a 2 de setembro. O encontro está marcado para as 10h, no Museu do Caramulo. Nas duas horas seguintes, os participantes recolherão lixo em torno da serra.
“Assumimos a nossa transformação rumo a um mundo sem fumo”
Rui Minhós, Diretor de Assuntos Institucionais da Tabaqueira, explica, em entrevista, os objetivos da iniciativa “A floreta não é um cinzeiro”
Que objetivos pretende a Tabaqueira alcançar com o apoio à iniciativa “A floresta não é um cinzeiro”?
Esta iniciativa é uma das ações da macro campanha “Portugal não é um cinzeiro”. O objetivo é sensibilizar para a importância da correta deposição de resíduos de produtos de tabaco, como as beatas, evitando que estes acabem no mar, nos rios ou nas florestas. Para isso, são distribuídos cinzeiros reutilizáveis que permitem o correto depósito de beatas e que devem ser, posteriormente, descartados nos pontos de lixo indiferenciado, contribuindo ativamente para a sua correta incineração e para um ambiente mais limpo. Esta campanha integra a política global de sustentabilidade da Philip Morris International (PMI), da qual a Tabaqueira é subsidiária.
Temos apostado em ações de sensibilização em diversas áreas, como nas praias continentais e nas ilhas – “A Praia não é um cinzeiro” – onde vamos na terceira edição. Só em 2022 distribuímos mais de 73 mil cinzeiros reutilizáveis, impactando em igual número adultos fumadores. Realizámos, também no ano passado, “O Caramulo não é um cinzeiro”, em parceria com o Caramulo Motor Festival: em apenas três dias conseguimos distribuir milhares de cinzeiros reutilizáveis, fazer o reforço adicional de cinzeiros em postes e outros locais para manter o recinto limpo, numa ação de sensibilização de enorme alcance.
Por outro lado, promovemos ações de limpeza das florestas. Neste âmbito, a Tabaqueira tem-se também associado, nos últimos anos, ao movimento nacional “Bravos Heróis”, para, em conjunto com diversos parceiros, sensibilizar para a adoção de comportamentos mais sustentáveis.
Vamos continuar a desenvolver esta campanha de sensibilização em várias novas dimensões, e constatamos com muito orgulho que, cada vez mais e de uma forma orgânica, novos parceiros reconhecem a necessidade destas iniciativas e se juntam a elas. O nosso objetivo é reduzir em 50% os resíduos plásticos que derivam dos produtos de tabaco até 2025.
Este tipo de ações procuram minimizar as externalidades negativas associadas à atividade da empresa?
Para a PMI, a sustentabilidade significa criar valor a curto, médio e longo prazo, e minimizar as externalidades negativas associadas aos seus produtos, operações e cadeia de valor. A sustentabilidade é um elemento-chave na nossa estratégia de negócio e procura responder, de forma muito concreta, àqueles que são os impactos sociais e ambientais das nossas operações, mas também dos nossos produtos.
A Tabaqueira é apontada como um caso de estudo nas mais diversas práticas de desempenho ambiental, social e de governança. A nossa intervenção começa em casa, mais concretamente, na empresa. Desde 2010, reduzimos as emissões de carbono da nossa unidade produtiva em 74%, o consumo de energia diminuiu 44%, o consumo de água reduziu em 42% e, atualmente, reciclamos e valorizamos 99% dos resíduos gerados pela nossa atividade. Externamente, desenvolvemos campanhas de sensibilização ambiental, de que é exemplo “A floresta não é um cinzeiro”, que visam promover as boas práticas ambientais entre o público em geral e os adultos fumadores em particular.
A empresa está a transformar o seu próprio negócio, dadas as crescentes restrições ao consumo de tabaco, através de desenvolvimento de outros produtos e aposta noutras áreas. Que balanço é possível fazer?
Há sete anos assumimos a nossa transformação rumo a um mundo sem fumo. Colocámos a sustentabilidade, a ciência e a inovação no centro do negócio. No âmbito desta jornada de transformação já investimos, desde 2018, mais de 10 mil milhões de euros no desenvolvimento, substanciação científica e produção de produtos sem combustão. Só desta forma nos foi possível disponibilizar melhores alternativas que os cigarros, potencialmente menos nocivas para os adultos fumadores. É nossa ambição que, até 2025, pelo menos 40 milhões de fumadores adultos, que de outra forma continuariam a fumar, mudem para estas alternativas.

