
O Lúpus não tem cura, mas tem tratamento. A alimentação saudável e o estilo de vida podem ajudar muito, começando desde logo pela proteção do sol. Os avanços científicos na área farmacológica também estão a dar um contributo.
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Muitos já ouviram falar da doença de Lúpus, mas poucos sabem o que é realmente. É um desequilíbrio do sistema imunológico em que as células responsáveis pela defesa produzem anticorpos contra as células do próprio organismo, podendo afetar qualquer parte do corpo. Os sintomas mais comuns são queixas articulares e lesões da pele e da mucosa da boca. Mas a doença pode apresentar-se de 1001 maneiras, seja com envolvimento renal, queixas neurológicas ou mesmo cardiopulmonares. Portanto, é chamada ‘a grande imitadora’, face à variedade de faces com que se manifesta.
Daí o nome Lúpus, que significa lobo em latim, e que pode surgir com várias peles. E também porque as lesões cutâneas não tratadas assemelham-se a uma mordedura de lobo. Embora os problemas na pele e nas articulações sejam os mais frequentes, não são os mais graves. Há outras manifestações que podem mesmo ser fatais. Estamos a falar de envolvimento do sistema nervoso central ou do envolvimento renal, que, se não for adequadamente tratado, pode levar à perda do rim, da função renal e à necessidade de hemodiálise ou de transplantação – a nefrite lúpica. Pode haver envolvimento hematológico muito, muito grave.
Muitas pessoas nunca ouviram falar da doença quando recebem o diagnóstico ou, se sim, ouviram coisas muito negativas. Hoje sabemos que, com os tratamentos que existem, é possível viver com Lúpus e com qualidade de vida e, portanto, é importante também passar essa mensagem e divulgar cada vez mais uma visão mais positiva da vida com esta doença. Ainda assim, são muitos os desafios para quem sofre com Lúpus.
A Nefrite Lúpica atinge cerca de metade dos doentes com Lúpus, sendo das manifestações mais graves
Tendo em conta que os sintomas mais reportados da doença são a dor e a fadiga, só aí temos o enorme desafio de cumprir com o que nos é exigido no nosso dia a dia, tanto no domínio profissional, como social e pessoal. Por outro lado, este acréscimo de peso que é viver com dor e fadiga também requer um esforço de adaptação ao diagnóstico, fazer algumas renúncias e opções, para viver com mais qualidade de vida.
O Lúpus não tem cura, mas tem tratamento. A alimentação saudável e o estilo de vida podem ajudar muito, começando desde logo pela proteção do sol. Os avanços científicos na área farmacológica também estão a dar um contributo.
Estão aprovados medicamentos biológicos, que são uma mais-valia para o tratamento do doente com Lúpus. E na calha estarão outros medicamentos em desenvolvimento. Há imensos ensaios clínicos com novos fármacos no Lúpus e esperemos que no futuro haja outras opções terapêuticas capazes de controlar a atividade da doença e evitar, sobretudo, o dano acumulado, que, a longo prazo, é aquilo que vai condicionar a qualidade de vida e a própria vida das pessoas que padecem desta doença.
As autoras do artigo não recebem qualquer honorário para colaborar nesta iniciativa.
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