
"Ufa! Esta já está!" A declaração de um dos atletas em Lamego, no fim do NORCHA® AR Discover Douro Valley 2025, revela simultaneamente sentimentos de alívio e satisfação após quatro dias da corrida de aventura com 500 quilómetros em que participaram 13 equipas internacionais.
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"Foi uma travessia por um território épico, os atletas puderam descobrir o vale de uma região deslumbrante", começou por dizer Pedro Pinto ao JN ao fazer o balanço da competição que entre 4 e 7 de setembro esteve sob a mira do mundial de provas de aventura. O diretor e mentor da prova acredita que brevemente Portugal esteja nessa "liga internacional" porque "temos todas as condições e somos uma organização que, ano após ano, tem vindo a preparar-se e a trabalhar na produção de um grande evento". O título "Race Demonstration" que a prova ostentou este ano foi o assinalar da primeira edição no circuito mundial.
Trekking, BTT, Canoagem, Escalada e Orientação foram as modalidades usadas pelas equipas constituídas por três e quatro elementos para ultrapassar os obstáculos naturais entre Vila Real, onde começou o percurso, e Lamego onde estava a meta. "A prova foi um carregar de emoções intensas muito alto à medida que ia progredindo", revelou o organizador. "Basta pensar que a primeira equipa dormiu nos quatros dias apenas duas horas e a segunda equipa dormiu três. São pessoas que se entregaram de corpo e alma para viver Portugal de uma forma completamente genuína e incrível".
Chegada e abertura
Vila Real começou por acolher as 13 equipas provenientes das mais diversas geografias e todo o aparato técnico da prova. Os participantes fizeram registos e verificações e entregaram material e equipamento à organização. A prova no contexto de autossuficiência obrigava-os a preparar antecipadamente tudo o que viriam a necessitar, inclusive a própria alimentação, cabendo à logística do Norcha disponibilizar as duas caixas de cada equipa em pontos estrategicamente localizados ao longo do trajeto.
A cerimónia de abertura realizou-se no Teatro Municipal na noite anterior à partida assinalando oficialmente o arranque do evento.
Manhã cedo, após o briefing onde só aí foi revelado aos atletas o percurso que tinha de ser cumprido, a adrenalina estava em alta. O desconhecimento do percurso aumenta sempre os níveis de ansiedade porque não é possível fazer qualquer tipo de preparação prévia. O regulamento proíbe expressamente qualquer tipo de ajuda eletrónica e sem GPS"s apenas mapas e bussolas são permitidos. O percurso em rota aberta dava hipótese aos competidores de escolherem o melhor trilho para atingir os diferentes pontos de controle.
Após a saída de Vila Real cumpriram-se os primeiros 60 km de BTT até Mesão Frio. Seguiu-se o caiaque até ao Peso da Régua com navegação contra a corrente no rio Douro. Depois a correr e a caminhar, em plano inclinado, os participantes atingiram a Ermida e Miradouro de São Domingos, em Armamar. Neste primeiro dia ainda seriam surpreendidos pela necessidade de fazer rapel na Barragem do Varosa. As formações mais rápidas conseguiram iniciar a segunda grande etapa de BTT rumo a Sabrosa. A dinamarquesa Team Aaros revelou ser a mais competitiva. Os dias seguintes não foram muito diferentes reservando, ainda assim, permanentes surpresas aos atletas que entraram e percorreram o coração do Douro em locais remotos e muitos fora das habituais rotas turísticas. Nos percursos mais conhecidos os atletas conseguiram ir apreciando o património da região em contacto direto com as gentes transmontanas.
Quem são estes competidores?
"Acima de tudo, desportistas, homens e mulheres, com desejo de conhecer novas realidades e apaixonados pela natureza", revelou Pedro Pinto, orgulhoso de liderar uma organização que proporcionou uma experiência de vida irrepetível a quem veio a Portugal. Das 13 equipas participantes apenas duas eram portuguesas. "Com esta aliança de sentimentos, de conhecer o património, de viver o espírito de aventura e de solidariedade e de paixão pelo desporto e exploração do meio envolvente, acreditamos ter os ingredientes certos para meter Portugal no mapa dos destinos apetecíveis para viver este género de desafios cada vez mais procurado". O mentor do projeto que tem na génese a divulgação do património natural e cultural dos territórios onde se desenvolve a competição acredita que o país tem "um potencial incrível porque concentra tantos temas com o popular, o religioso, o festivo, a natureza, o Douro, património da Unesco (...). Houve tantos elos que se cruzaram durante estes dias que deixaram os participantes arrepiados e muito emocionados".
A Dinamarca venceu o NORCHA® AR Discover Douro Valley 2025. Os quatro elementos do Team Aaros, dois homens e duas mulheres cuja média de idades não chega aos 27 anos, competiram juntos em Portugal pela primeira vez.
Reforçar as provas extremas em Portugal
Enquanto pisca o olho a um eventual e futuro apoio do Turismo de Portugal, Pinto vai dizendo que tem em mãos uma verdadeira ferramenta de comunicação territorial. "Seria bastante importante para dinamizar, ainda mais, esta organização. O Norcha quer distinguir-se como potenciador do extraordinário álbum épico e irrepetível de sensações que esta prova envolve". Mais do que quantidade, o organizador preza a exclusividade e a sofisticação do evento. "Não queremos ser populares, queremos ser extraordinários e proporcionar a mística portuguesa a todas as equipas que cativamos para os nossos territórios. Desejamos alavancar Portugal como destino de provas extremas e de sobrevivência que contam histórias únicas e incríveis".
Nesta edição concentrada exclusivamente no vale do Douro, os 19 municípios da Comunidade Intermunicipal foram os principais parceiros que apoiaram e viabilizaram a iniciativa.
Classificação AR World Series
1.º Team Aaros (Dinamarca)
2.º Repuesto Ojea - Pixeralia (Espanha)
3.º Ultra Sport (Uruguai)