
Conhecer de perto espécies marinhas e os seus habitats, bem como aprender mais sobre sustentabilidade dos oceanos é o que os visitantes vão poder fazer na Estação Litoral da Aguda.
Corpo do artigo
A Estação Litoral da Aguda (ELA) não é apenas um aquário onde podemos encontrar as principais espécies marinhas existentes ao longo da orla costeira de Vila Nova de Gaia. Acima de tudo, é um local onde podemos aprender sobre a biodiversidade e os ecossistemas existentes, que também oferece aos seus visitantes uma variedade de atividades e exposições interativas sobre a importância da conservação dos oceanos e do ambiente marinho.
À frente deste equipamento está Mike Weber, docente alemão do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS). Veio para Portugal em 1979 e nunca mais regressou ao país natal. Esteve na génese da abertura da ELA, em 1999. Um projeto que o juntou à Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia e que, em 2013, passou para a tutela da empresa municipal Águas de Gaia.
Na área educativa, o centro possui um vasto programa de educação ambiental para todos os níveis pedagógicos
Mike Weber descreve a ELA como "um equipamento multifacetado" e explica o seu funcionamento. "Temos quatro pilares: científico, pedagógico, turístico e cultural. Estamos envolvidos na investigação e, desde 2006, trabalhamos com o lavagante europeu. Um programa anual que implica a captura do lavagante, a marcação e a devolução ao mar, com a ideia de o recapturar mais tarde para ver o crescimento. Além disso, estamos a fazer o cultivo do lavagante, que é difícil, mas às vezes resulta e lançamos os juvenis ao mar para o repovoamento", esclarece.
Na área educativa, o centro possui um vasto programa de educação ambiental para todos os níveis pedagógicos, desde o jardim de infância até à universidade, recebendo durante os dias da semana a "visita de diversas escolas", detalha ainda.
Mike Weber destaca também o Museu das Pescas do ELA, "com 2000 objetos dedicados à pesca artesanal, local, regional, nacional e mundial". "Existe ainda", acrescenta, "um pequeno auditório, o aquário e, no primeiro andar, uma exposição com três vertentes: 170 figuras e estátuas de 42 países relacionadas com pesca, outra com esculturas feitas por mim também relativas ao tema e uma outra exposição que se chama "Achados do Mar", com tudo o que se encontra na praia, [desde] ossos, carapaças, crustáceos, conchas [a] vidro do mar". No aquário, que é uma das principais valências do centro, pode aprender-se sobre os habitats e as criaturas que habitam o ambiente marinho, assim como encontrar as espécies com mais interesse para a pesca artesanal, como o robalo, sargo, polvo, congro, salema, pargo e a dourada.
No entanto, Mike Weber diz que também podemos encontrar outras espécies na ELA. "Neste momento, temos um exemplar muito raro de uma tartaruga marinha. Nascem nas Caraíbas e fazem a migração oceânica, passam pela costa portuguesa, pelas ilhas Canárias e depois voltam a casa. Só estão de passagem, mas normalmente são-nos entregues completamente exaustas, esfomeadas, depois de uma tempestade na praia ou presas nas redes dos pescadores", clarifica o docente.
"Esta última foi-nos entregue o ano passado. Era pequenina, mas já cresceu bastante. Em 2024, quando comemorarmos um quarto de século, vamos lançá-la ao mar juntamente com a Marinha portuguesa. Vamos libertar a tartaruga devidamente marcada com um microchip. Aliás, todas as tartarugas que passaram pelas nossas mãos foram marcadas e lançadas ao mar", salienta.
A ELA desempenha ainda um papel importante na investigação científica e na relação com a comunidade local. Além de colaborar com universidades e outras instituições de pesquisa, os cientistas e especialistas da Estação realizam estudos e monitorização dos ecossistemas costeiros, contribuindo para a compreensão e preservação do ambiente marinho.

