
A grande barreira que o nosso organismo interior partilha com o meio externo é todo o nosso tubo digestivo. Por isso, enfaticamente se diz: "somos aquilo que comemos". A refeição é a primeira relação que estabelecemos entre o "eu" e o externo.
Corpo do artigo
Quando pretendemos encontrar uma definição simples e intuitiva de "Saúde Digestiva", poderemos considerar, de forma simplista, a ausência de doenças nos órgãos que compõem o sistema digestivo. No entanto, a vastidão do conceito de "saúde" obriga a uma análise mais cuidadosa sobre como a sua própria definição pode assumir uma diferenciação e ajustar-se no que respeita à Gastrenterologia e ao sistema orgânico a que esta especialidade diz respeito.
A Organização Mundial da Saúde, em 1948, definiu saúde como "um estado geral de bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doenças ou enfermidades". Embora esta definição seja bastante generalista, consegue realçar os alicerces da vida individual: a interação entre a fisiologia orgânica, a fisiologia funcional/mental e as condições que o meio oferece para o equilíbrio (homeostasia) individual. "Ser saudável" significa assumir a capacidade de alcançar "metas vitais, dadas as circunstâncias" (Lennart Nordenfelt, 2001), na qual o mecanismo sensorial assume a porta de entrada para a modulação da perceção individual do estado de saúde. A saúde digestiva resulta, portanto, do somatório das saúdes percecionadas e reais de uma vasta rede de órgãos digestivos, responsáveis por sintomas ou sensações que podem comprometer a perceção global de bem-estar.
Quando pretendemos encontrar uma definição simples e intuitiva de "Saúde Digestiva", poderemos considerar, de forma simplista, a ausência de doenças nos órgãos que compõem o sistema digestivo. No entanto, a vastidão do conceito de "saúde" obriga a uma análise mais cuidadosa sobre como a sua própria definição pode assumir uma diferenciação e ajustar-se no que respeita à Gastrenterologia e ao sistema orgânico a que esta especialidade diz respeito.
A Organização Mundial da Saúde, em 1948, definiu saúde como "um estado geral de bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doenças ou enfermidades". Embora esta definição seja bastante generalista, consegue realçar os alicerces da vida individual: a interação entre a fisiologia orgânica, a fisiologia funcional/mental e as condições que o meio oferece para o equilíbrio (homeostasia) individual. "Ser saudável" significa assumir a capacidade de alcançar "metas vitais, dadas as circunstâncias" (Lennart Nordenfelt, 2001), na qual o mecanismo sensorial assume a porta de entrada para a modulação da perceção individual do estado de saúde. A saúde digestiva resulta, portanto, do somatório das saúdes percecionadas e reais de uma vasta rede de órgãos digestivos, responsáveis por sintomas ou sensações que podem comprometer a perceção global de bem-estar.
O nosso papel perante a população cresceu muito, e um dos grandes desafios que se colocam é como podemos chegar de uma forma pedagógica, instrutiva e transformadora a essa mesma população. Daí que dediquemos particular atenção clínica aos Big Five no nosso quotidiano: trata-se dos cinco tumores malignos digestivos que mais afetam a população no mundo, responsáveis pela crescente mortalidade oncológica à escala global, desenvolvendo-se nas cinco estruturas do aparelho digestivo às quais, na Gastrenterologia, empregamos a nossa atenção todos os dias. Essas cinco entidades - cancro do cólon e reto, cancro do estômago, cancro do pâncreas, cancro do fígado e cancro do esófago - obrigaram-nos a reposicionar e reconfigurar o formato, organização e adequação da nossa prática assistencial gastrenterológica. Daí que o nosso quotidiano esteja permanentemente vocacionado para a identificação precoce e atempada destas condições, para o seu tratamento (o mais realista, específico e confortável possível), mas, sobretudo, para a sua prevenção - a batalha que travamos a montante, por antecipação, para combater estas condições oncológicas tão importantes na vida dos indivíduos, das suas famílias e das sociedades.
Da prevenção ao diagnóstico e tratamento, construímos os três pilares em que assenta a Saúde Digestiva. Os arquitetos, os engenheiros e os operários desta construção são os gastrenterologistas.
Por tudo isto, vivemos um desafio tecnológico permanente e adotamos atualmente ferramentas e gadgets de extraordinária complexidade. Sabemos, no entanto, que não nos podemos distrair nem cair na tentação de esquecer a dimensão integral daqueles de quem cuidamos, seja na frente preventiva, diagnóstica ou terapêutica.
A saúde digestiva assume também especial importância quando pensamos no "bem-estar mental". Desde o famoso "eixo cérebro-intestino-fígado" até à capacidade de modulação neurológica dos aferentes e eferentes viscerais, assistimos a uma intrincada rede de conexão entre estes aspetos e as manifestações clínicas (sindrómicas) em Gastrenterologia. Das implicações psicopatológicas com os sintomas orgânicos à multiplicidade de síndromes funcionais em Gastrenterologia, existem inúmeras interconexões entre a saúde mental e a saúde dos órgãos digestivos.
O diagnóstico, agora facilitado, é possível graças aos extraordinários avanços tecnológicos que permitem perscrutar e invadir (sem ser intrusivo) todo o território digestivo, como se garante com a Endoscopia Digestiva. Este admirável mundo novo e as soluções excecionais que as tecnologias endoscópicas permitem, como modalidade terapêutica de cirurgia minimamente invasiva, controlam e minimizam processos graves, evitando danos cirúrgicos comuns em décadas anteriores a esta revolução tecnológica. Da prevenção ao diagnóstico e tratamento, construímos os três pilares em que assenta a Saúde Digestiva. Os arquitetos, os engenheiros e os operários desta construção são os gastrenterologistas.
Guilherme Macedo