
Doctor holding anatomical model of female reproductive system with uterus, ovaries, and fallopian tubes, using pen for medical explanation, gynecology education and health awareness.
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Entre os cancros ginecológicos, o do endométrio é o mais frequente em Portugal. Todos os anos são diagnosticados cerca de 1.400 novos casos, mas pouco se fala desta neoplasia. Por essa razão, várias associações de doentes e entidades que lidam com a doença lançaram o guia O que precisa de saber sobre o Cancro do Endométrio: guia para a prevenção.
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A MOG (Associação - Movimento Oncológico Ginecológico), que tem Cláudia Fraga como presidente, é uma dessas associações. "É um guia quer para o doente, quer para quem não é doente e quer aumentar a literacia para estar atenta a estes sintomas, quer para todos os amigos, as amigas e os familiares do doente", revela.
Sintomas característicos
Para identificar os sintomas de cancro do endométrio, Deolinda Pereira, diretora do Departamento de Medicina Oncológica do IPO Porto destaca um sinal a que se deve estar atenta: "este cancro tem, de facto, um sintoma muito característico, que é a perda de sangue vaginal na pós-menopausa. Isso é um sinal de alerta, e qualquer mulher em que isso lhe aconteça deve procurar cuidados médicos. Pode, numa primeira fase, ser o médico de família ou o ginecologista, de modo a realizar o exame ginecológico e a ecografia e ser avaliada", acrescenta. Nesses sentido, "muitas vezes a ecografia mostra alterações, que é necessário depois de biopsar para excluirmos um cancro do endométrio", conclui.
Fase da vida a que deve estar mais atenta
O cancro do endométrio afeta sobretudo as mulheres após a menopausa. Deolinda Pereira confirma que "é um cancro que nós estamos a contar com ele nessa fase. Quando aparece em fases mais precoces, devemos sempre despistar se estamos perante um cancro hereditário, nomeadamente a chamada síndrome de Lynch, que é uma alteração genética que predispõe para cancro do endométrio, do cólon, do ovário. Temos que estar atentos a isso", alerta.
A perda de sangue vaginal é um sinal de alerta de cancro do endométrio. Qualquer mulher em que isso lhe aconteça deve procurar cuidados médicos.
Diagnóstico precoce e um estilo de vida mais saudável
E já agora, o que é o endométrio? De modo simplista pode-se dizer que é o tecido, ou seja, a membrana que reveste a parte interna do útero. A maioria destes cancros, quando diagnosticados precocemente, aumentam as probabilidades de cura. Por isso é que é tão importante estar atento. Cláudia Fraga, da Associação MOG, explica que exames regulares, como a ecografia ginecológica, por exemplo, são essenciais: "o cancro do endométrio é um cancro que está muito associado a estilos de vida não saudáveis, como a obesidade ou a falta de exercício físico. Se a pessoa tiver um estilo de vida saudável e uma alimentação equilibrada consegue, de certa maneira, diminuir os fatores de risco", conclui.
Avanços no tratamento
Por outro lado, Deolinda Pereira, do IPO Porto, garante que a ciência tem vindo a contribuir para melhorar o tratamento. A cirurgia é o primeiro passo e, consoante os resultados, o tratamento pode divergir para radioterapia ou quimioterapia. Em casos avançados, há os novos medicamentos. "Nós oncologistas, que até há muito pouco tempo tínhamos como únicas armas terapêuticas a quimioterapia e a hormonoterapia, hoje, com o surgimento dos ensaios clínicos na área do cancro do endométrio, temos a imunoterapia que, de facto, constitui um grande avanço no tratamento desta doença", revela.
Para 20 de setembro, Dia Mundial dos Cancros Ginecológicos, e para o cancro do endométrio em particular, importa relembrar a necessidade de fazer exames regulares e consciencializar mais a opinião pública sobre a doença.
Os autores do artigo não recebem qualquer honorário para colaborar nesta iniciativa.
Esta iniciativa é apoiada pela GSK, sendo os artigos integrados no projeto Ciência e Inovação da responsabilidade dos seus autores.