
Lisboa,29/2025 - Entrevista da jornalista , Fátima Valente ao Professor Universitário João Marôco da Lusófona, para a rubrica "Educar Têm Ciência" no Estúdio Nº 1 da TSF, em Lisboa. (Mário Vasa) (Mário Vasa)
Mário Vasa
Portugal tem dos piores níveis de literacia nos adultos na OCDE. A boa notícia é que estudar compensa. De acordo com o Education at a Glance (2025), um trabalhador com curso superior no nosso país ganha em média mais 74%, comparando com os que têm apenas o secundário. No "Educar Tem Ciência" desta semana, podcast da Iniciativa Educação, em parceria com o JN e a TSF, olhamos para os dados do mais recente relatório da OCDE.
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Portugal tem quatro principais desafios na Educação, segundo o estudo da OCDE Education at a Glance (2025). "O primeiro é a qualidade das aprendizagens", afirma o professor da Universidade Lusófona João Marôco, sublinhando que "não nos adianta ter muitos jovens e adultos com diplomas universitários, se depois, quando somos sujeitos a avaliações independentes internacionais, apenas metade dos nossos adultos têm competências básicas de literacia".
João Marôco observa que "é muito grave" que 46% dos adultos portugueses estejam nos níveis de proficiência mais baixos, quando a média da OCDE é de 27%."Um licenciado português tem um nível de literacia equivalente ao de um adulto finlandês com o ensino secundário. Portanto, diplomar sim, mas temos de ser exigentes e rigorosos. Temos de apostar na qualidade e na validade das certificações", defende.
Este académico chama também a atenção para a desigualdade social evidenciada no estudo. Isto porque 73% dos alunos do ensino superior em Portugal têm pais com escolaridade elevada, mas apenas 23% dos filhos de pais que não terminaram o ensino secundário conseguem entrar na universidade: "É uma diferença de 50 pontos percentuais, enquanto na OCDE não chega a metade. Isto é muito importante. Temos de nos unir enquanto sociedade".
"Ter formação superior protege os nossos jovens adultos do desemprego. A taxa de desemprego em quem tem o ensino superior é metade do que a de quem tem o secundário ou inferior."
Professores e alunos em risco
Por outro lado, João Marôco sublinha alguns "números muito assustadores" do relatório da OCDE, como por exemplo, o facto de "mais de metade da nossa classe docente ter mais de 50 anos, estar envelhecida, cansada, soterrada em burocracia, e de o número de alunos a frequentar escolas onde a falta de professores limita a qualidade de ensino ter aumentado 30% nos últimos cinco anos".
Finalmente, a notícia positiva no estudo é a de que vale muito a pena estudar. "Ter formação superior protege os nossos jovens adultos do desemprego. A taxa de desemprego em quem tem o ensino superior é metade do que a de quem tem o secundário ou inferior. E vale muito a pena, ainda mais do que na média da OCDE, ter um curso superior, porque quem o tem ganha em média mais 74% do que um profissional que tenha apenas o ensino secundário", conclui.
Pode seguir o Educar tem Ciência na rádio ou em tsf.pt, no site da Iniciativa Educação, no canal JN e nas plataformas de podcast..