
Ricardo Mexia, Médico de Saúde Pública
Em várias doenças, a probabilidade de termos um caso grave é muito reduzida com a vacinação, que deveria ser ao longo da vida para certas doenças, considerou o médico de Saúde Pública, Ricardo Mexia.
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Prolongar o calendário da vacinação para a fase adulta e, sobretudo, na terceira idade, é uma linha que tem ganho consistência entre especialistas da área da saúde e da economia da saúde. O primeiro argumento é a prevenção da doença, através daquilo que a ciência já consegue oferecer hoje. O segundo é financeiro e tem a ver com os encargos associados. O tratamento de doenças, que podem ser preveníveis, implicam despesas médicas com internamentos e cuidados prolongados.
Se é verdade que a perceção da utilidade das vacinas é generalizada, infelizmente ainda é focada apenas nas crianças. Há que avançar para uma lógica de vacinação ao longo da vida. Porquê? As vacinas permitem reduzir muito a probabilidade de termos uma doença grave e, principalmente, reduzir a mortalidade. Em idades mais avançadas, como é sabido, há uma parte dessas doenças para as quais nos vacinamos. A gripe é a que tem mais visibilidade, mas agora, mais recentemente, a Covid também passou a estar em cima da mesa. Existem, porém, outras doenças que podem beneficiar da vacinação ao longo da vida. Muita gente esquece, mas convém não descurar, por exemplo, a necessidade de reforçar a nossa vacinação contra o tétano.
O Programa Nacional de Vacinação tem quase 60 anos e é reconhecido a nível internacional como muito positivo. E mesmo em termos da cobertura, por exemplo, da vacinação sazonal, no caso da gripe e da Covid-19, temos também, tipicamente, bons resultados quando comparados com os outros países.
A vacinação desempenha um papel fundamental na prevenção de doenças como a gripe, a pneumonia e o herpes zoster, que são predominantes entre os idosos e podem levar a complicações graves e a hospitalizações.
Agora, temos ainda um caminho a fazer em várias outras doenças. Havendo disponibilidade financeira para implementar novas vacinas no calendário, e uma vez provado o seu custo-benefício, devemos ir adotando progressivamente mais vacinas. Seja na vacinação na infância, ou ao longo da vida, nomeadamente para o adulto.
Existe a expectativa de que esse seja o passo seguinte, mesmo que o país esteja atualmente a viver uma espécie de fadiga vacinal, na pós-pandemia, em que a população adulta recorreu muito à vacinação. Ainda assim, comparativamente a outros países europeus, Portugal é um bom exemplo de adesão às vacinas.
A vacinação desempenha um papel fundamental na prevenção de doenças como a gripe ou a pneumonia, que são predominantes entre os idosos e podem levar a complicações graves e a hospitalizações.
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